Prognósticos só depois do jogo, já dizia o outro. Mas, a poucos dias de 2022, o jogo leva agora quase dois anos e os intervalos sucedem-se, curtos e inconstantes, entre chegada de novas variantes, subidas e descidas do número de novos casos, atrasos na vacinação à escala global, negacionismos e desigualdades gritantes, entre países ricos e pobres, no acesso às tecnologias, às terapias e aos cuidados de saúde essenciais no combate à pandemia.
Nem tudo são más notícias, no entanto. Se 2021 deitou por terra o sonho da imunidade de grupo, aproximou-nos da linha de chegada a um cenário endémico. Segundo os últimos cálculos do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), 86,4% dos portugueses têm imunidade ao SARS-CoV-2 e os especialistas consideram que o horizonte de uma endemia para 2022, em Portugal, não é irrealista. Henrique Lopes, especialista em Saúde Pública da Universidade Católica de Lisboa, defende mesmo que “endémico já o vírus está, pois encontra-se completamente espalhado na comunidade”, e prefere falar de “um regresso à normalidade”.