Foi no início deste ano, quando já tínhamos quase um ano de pandemia às costas, que Francisco Varela criou a re.SK8 by Gcode Factory, que aproveita a madeira de skates partidos ou velhos, a canadian maple, para criar novas peças, utilizadas no dia-a-dia. O objetivo é alterar o destino dos skates que já não vão poder andar pelos ares nos skate parks ou ruas e que iriam para o lixo e dar-lhes uma nova vida, contribuindo para uma “economia anti-desperdício”, explica a marca.

“Todo o processo de desconstrução do skate e construção de um bloco de madeira é duro. É tudo feito à mão e são necessários vários passos: retirar a lixa, lixar a madeira, prensar os skates com colas, cortar, aplanar, desengrossar…”, explica à VISÃO o criador da marca.
A partir deste trabalho demorado, Francisco Varela tem criado peças únicas e úteis, limitadas ao padrão existente, apostando em capas de telemóveis, carregadores wireless, bases de copos e bases de cozinha, por exemplo. Além disso, aproveita outras sobras de madeira para, em conjunto com a canadian maple, desenvolver peças de mobiliário.
O projeto baseia-se numa economia circular e de combate ao desperdício, sendo que, até agora, a matéria-prima destas peças tem sido conseguida através de parcerias com marcas como a LigaPro Skate, DaBoardShow e a POP. “Em troca de skates velhos ou partidos, fabriquei peças de mobiliário para essas marcas”, conta Francisco Varela, acrescentando que, apesar de ainda estar no início, o projeto tem tido uma “enorme aceitação” no mundo do skate.



A prática
Depois de os skates serem recolhidos pela empresa, é removida a lixa e retirada toda a cola, até as tábuas ficarem limpas de resíduos. Após este processo de preparação da madeira, as tábuas são coladas e prensadas e a madeira é lixada e aparada: o bloco de madeira está pronto para poder ser trabalhado. Para o processo de realização das peças, que inclui cortes e colagens, são utilizadas várias técnicas de marcenaria, no caso do mobiliário, e fabricação digital, no caso de capas de smartphone, por exemplo.

O criador da marca pretende, em breve, implementar contentores de recolha de em skate parks, além de nas lojas parceiras. “Queremos estar presente nos skates parks, mas teremos de falar com as autarquias”, remata Francisco Varela. Neste momento, existe apenas um contentor de recolha de skates na loja 58 Surf da Ericeira, mas o objetivo da marca é implementar vários pelo País inteiro.