A forma como os bebés humanos se riem corresponde à forma de alguns macacos o fazerem, de acordo com um estudo publicado na última quarta-feira na revista Biology Letters.
Os adultos humanos riem principalmente ao expirar, enquanto os bebés e os grandes símios riem durante a inspiração e a expiração, explicou a autora do estudo Mariska Kret, professora de psicologia cognitiva da Universidade de Leiden, na Holanda.
“O tipo de riso do macaco é mais difícil de descrever, mas há uma alternância huh-ha-huh-ha”, afirmou a autora num comunicado. Já os humanos adultos inspiram primeiro e depois produzem o som “ha-ha-ha” em rajadas curtas e altas, que depois vão desaparecendo.
Apenas as espécies evolutivamente mais próximos dos humanos – como chimpanzés e bonobos – é que têm padrões de riso semelhantes, explicou Marina Davila-Ross, psicóloga inglesa que não participou no estudo. “Parece refletir que o riso está, em certa medida, biologicamente enraizado”, disse ela.
A autora da investigação apercebeu-se de tal semelhança entre os risos quando, durante uma palestra, ouviu que os macacos riem durante a inspiração e a expiração e uma amiga lhe mostrou um vídeo onde um bebé ri da mesma forma.
Mas, para comprovar se efetivamente os bebés riem como macacos, a investigadora recolheu 44 áudios de humanos com idades entre os 3 e 18 meses a rir e cinco áudios de adultos. De seguida, pediu a ouvintes que avaliassem qual a percentagem de gargalhada que era produzida pela inspiração e pela expiração.
Os áudios foram ouvidos duas vezes, por 100 pessoas, que disseram que os bebés riam tanto ao inspirar quanto ao expirar, enquanto os adultos riam principalmente ao expirar. Para garantir que os resultados eram meticulosos, Kret pediu, também, a 15 especialistas que ouvissem os áudios. As conclusões coincidiram e, além disso, verificaram que bebés mais velhos produziram mais gargalhadas através da expiração do que os mais novos.
O riso é contagiante?
Numa segunda fase da pesquisa, os investigadores quiseram perceber que tipo de áudios eram mais agradáveis e contagiantes. Os resultados mostraram que quanto mais o riso era produzido pela expiração, mais as pessoas o assumiam como positivo.
Uma outra experiência, realizada a um novo grupo que não foi informado acerca dos padrões de respiração, obteve as mesmas conclusões.
O riso produzido pela expiração tende a ser mais alto e mais controlado, observou Kret, o que, segundo a autora, é uma forma mais fácil de os bebés mostrarem que estão a divertir-se e que querem continuar a brincar.
Uma explicação para a semelhança dos padrões de riso pode ser a convivência social e o desenvolvimento anatómico do sistema de produção vocal, fazendo com que a risada inicial “de macaco” na infância se transforme em riso de humanos adultos à medida que nos desenvolvemos.