Quem hoje se cruzar com José António Palinhos está longe de imaginar a história que se esconde por detrás da aparência intelectual e grisalha deste homem de 70 anos. Palinhos vive livre e tranquilo em Portugal há mais de uma década – e é bem provável encontrá-lo a dar um passeio matinal pela Avenida Marginal, em Oeiras, a beber um café depois do almoço, na Póvoa de Santo Adrião, ou a olhar o pôr do sol à beira-mar, na Gafanha da Encarnação, mesmo continuando o seu rosto a figurar na lista dos criminosos mais procurados pela Interpol, depois de ter escapado por entre os dedos da Justiça brasileira, que o condenou a 28 anos de prisão por tráfico internacional de droga.
Durante pelo menos duas décadas, Palinhos foi a peça-chave de uma organização criminosa de portugueses, radicados no Brasil, responsável por uma rota marítima que alimentou Portugal e a Europa de cocaína sul-americana. Com o tráfico, tornar-se-ia milionário e poderoso, figura da alta-roda carioca, dono de um império que incluía alguns dos mais populares restaurantes do Rio de Janeiro – frequentados por estrelas como Madonna ou Sting –, carros de luxo, imóveis e terrenos nos pontos mais nobres da Cidade Maravilhosa.
