Imaginemos esta conversa entre duas amigas, que na verdade tem mais de real do que de imaginário: “As esplanadas voltaram mesmo a tempo da época dos caracóis.” “Qual época? Isto agora não vem tudo de estufa?”
Virá? E, porque não queremos ser spoilers, adiantamos apenas que não é bem assim. Mas também não vale a pena insistir na memória de que os caracóis nos chegam à mesa vindos diretamente da apanha informal nos campos por esse País fora, especialmente a sul de Lisboa. Isso era dantes, dizem-nos no meio. A construção desenfreada, a agricultura intensiva ou a ausência dela deu cabo do bicho – hoje, ele nunca chegaria para as encomendas. E produzi-lo não é viável. Por isso, os apanhadores desapareceram ou restringiram a sua atividade ao consumo particular. E os intermediários mudaram a agulha para Marrocos.