Os lisboetas habituaram-se a olhar para Monsanto como um ancião, um bosque primordial. Na realidade, quando se plantou a primeira das milhentas árvores que hoje cobrem aqueles mil hectares, Gonçalo Ribeiro Telles já levava 16 anos de vida. O homem que se tornaria um dos maiores protetores do parque cresceu a ver uma serra de Monsanto árida, pedregosa, ventosa e quase estéril, com moinhos abandonados aqui e acolá, que haviam servido para moer o trigo que crescia a custo nas encostas, e algumas oliveiras a entrecortar a paisagem. Os camponeses que calcorreavam a colina no início do século XX não a reconheceriam no século XXI.
A data oficial do nascimento do Parque Florestal de Monsanto, quando Duarte Pacheco, então ministro das Obras Públicas e Comunicações, assina o decreto-lei nº 24625 a propor a sua criação, é 1 de novembro de 1934 – há menos de 90 anos. São essas nove décadas que a Câmara Municipal de Lisboa quer já assinalar, com uma exposição, inaugurada nesta quinta-feira, 22, no Centro de Interpretação de Monsanto, que mostra as origens do que é um dos maiores parques urbanos da Europa. Uma história de persistência e triunfo, de erros e propaganda, e recheada de curiosidades.