Imagine um padrão numa quadrícula, quase simétrico. Para alcançar a simetria, tem de pintar mais um quadradinho de um lado ou apagar um do outro. O que escolhe? Ou então uma construção em Lego, com o mesmo “problema”: para a equilibrar, ou acrescenta uma peça de um lado ou retira uma do outro. Ou retirar ou acrescentar pontos a um itinerário de viagem…
Foram desafios como estes que o cientista comportamental Benjamin Converse, da Universidade de Virginia, EUA, apresentou às 1585 pessoas que participaram no estudo publicado este mês na Nature, para avaliar o que é mais fácil de indentificar – a vantagem de subtrair ou de adicionar como estratégia para resolver uma tarefa.
No caso do quadriculado, por exemplo, dos 94 participantes que participaram nesta tarefa, 73 adicionaram quadrados e 18 subtraíram, enquanto os outros três alteraram o número original para outra solução.
Os investigadores acreditam que esta preferência pela adição se deve ao facto de os participantes nem sequer terem equacionado a hipótese de subtrair.
Com esta ideia em mente, a equipa passou à fase seguinte: conduzir o pensamento dos participantes diretamente para a subtração. Numa das experiências, os cientistas ofereceram um dólar a 197 pessoas no recinto apinhado de uma universidade para resolver um problema com Legos, mas, desta feita, por cada peça que acrescentassem tinham de pagar 10 cêntimos.

Apesar da penalização, apenas 40 de 98 participantes tiveram a ideia de remover a peça que deixa o telhado instável, colocando simplesmente o telhado em cima do resto da estrutura.
Perante isto, os investigadores deram aos restantes participantes uma pista mais clara: cada peça adicionada custa 10 cêntimos, mas retirar peças não custa nada. Assim, já 60 de 99 optaram por remover o dito bloco desestabilizador.
As implicações desta preferência pela soma em detrimento da subtração na vida diária são muitas e vão desde a tendência para acumular coisas desnecessárias ao excesso de burocracia nos serviços públicos e até à sobrecarga ambiental para o planeta. “Estamos a passar ao lado de uma classe inteira de soluções”, resume o investigador.