O momento mais esperado da reunião desta semana no Infarmed era o anúncio das medidas de desconfinamento propostas pelos especialistas. Coube à pneumologista Raquel Duarte anunciá-las, em nome da equipa que as elaborou.
A especialista da Administração Regional de Saúde do Norte explicou que as várias atividades foram avaliadas de acordo com diferentes graus de risco, entre muito baixo e muito alto, no que diz respeito ao seu impacto na transmissão da Covid-19, mas também ao nível económico e social.
O comércio a retalho, por exemplo, tem “um baixo risco de desrespeito pelas regras, um potencial de aglomeração alto e de mobilidade territorial significativo”. Contudo, tem um “grande impacto económico”, apesar do baixo impacto social ou mental.
A também docente do Instituto de Saúde Pública da Universidade de Porto defende que as medidas de desconfinamento sejam uniformes a nível nacional, numa primeira fase. Sendo assim, todo o País deverá reabrir no nível 4 (120 infetados por 100 mil habitantes ao longo de 14 dias).
“Só a manutenção sustentada em níveis de risco inferiores durante duas semanas deverá permitir a descida para o nível seguinte”, sustentou Raquel Duarte.
As medidas de caráter concelhio deverão ser avaliadas a cada duas semanas e, nessa altura, poderá ser alterado o nível de alerta de acordo com o risco em cada região. No caso do nível 2, só se se mantiver em duas avaliações, ou seja, durante um mês, permite baixar para o nível 1.
A médica lembra que nenhuma medida isolada é eficaz a combater o SARS-CoV-2 e sublinha a importância da rápida identificação dos casos e da eficácia dos inquéritos epidemiológicos. Além disso, o cumprimento das medidas deve ser monitorizado em permanência.
TRABALHO
- O teletrabalho deve manter-se, sempre que possível
- Em caso de trabalho presencial, deve ser garantido distanciamento físico entre os trabalhadores, horários desfasados e testar-se os funcionários que não são prioritários na vacinação
- Nível 4: Permite reabrir estabelecimentos que não impliquem contacto com o público
- Nível 3: Podem reabrir locais de trabalho com interação com o publico, mas sem contacto físico
- Nível 2: Autoriza a reabertura de espaços com contacto físico individual com o público
COMÉRCIO E RESTAURAÇÃO
- Nível 4: Mantém-se a venda ao postigo, com o cumprimento de horário reduzido
- Nível 3: Os estabelecimentos podem reabrir mas, no caso da restauração, só o serviço de esplanada estará autorizado (e as mesas serão limitadas a quatro pessoas)
- Até ao nível 2 defende-se a restrição do horário de funcionamento até às nove da noite durante a semana e até à uma da tarde ao fim de semana
CONVÍVIO
- Só no nível 3 é possível a reunião de seis pessoas. além do núcleo familiar, mas sempre com máscara e mantendo o distanciamento físico
- O recolhimento obrigatório deve manter-se até ao nível 2
TRANSPORTES PÚBLICOS
- Não deve haver hora de ponta, o que implica o desfasamento de horários.
- Deve ser dada prioridade ao transporte individual e, se for necessário, os transportes públicos devem ser reforçados.
- No nível 4, os transportes públicos devem funcionar com 25% da capacidade