A pouco mais de uma semana da presentação do plano de desconfinamento a ser preparado pelo governo, tanto Marta Temido como António Lacerda Sales, ministra e secretário de Estado da Saúde, respetivamente, alinham discurso sobre um dos temas mais falados nos últimos dias – e insistem que “ainda não é tempo para falar sobre o regresso às escolas” e que “desconfinar só depois da Páscoa”.
Em entrevista à Antena 1, no dia em que passa um ano sobre a confirmação dos primeiros casos de Covid-19 em Portugal, Marta Temido remete essa análise para o anunciado dia 11, data prevista para se conhecerem os pressupostos do desconfinamento – frisando que “os números da pandemia ainda não estão no nível desejado”. Ou seja, apesar da descida dos casos de infeção e do número de vítimas mortais, “a situação está ainda longe de ser a ideal” e Portugal ainda enfrenta “um risco significativo nos internamentos”, sobretudo ao nível das unidades de cuidados intensivos. Além disso, sustentou ainda Marta Temido, “o sistema de vigilância dos contactos esteve muito pressionado”, depois de “nas últimas semanas” termos levado o sistema “ao limite em muitas áreas”.
Um discurso repetido por António Lacerda Sales, o secretário de Estado da Saúde, em entrevista ao Sapo 24, na qual assume que “desconfinar só depois da Páscoa” e com testagem “maciça e massiva”, referindo-se à também já anunciada campanha de rastreios regulares prevista para os espaços escolares.
Assumindo que foram cometidos erros, mas que, ainda assim, o Governo fez “uma gestão adequada da pandemia”, Lacerda Sales defende ainda que até à Páscoa, data que, como o Natal, geral grande mobilização social, “as coisas devem ficar como estão neste momento” -acreditando que só assim, e depois com um confinamento gradual e faseado é que podemos voltar a ter um dia como o de 3 de agosto – data em que não se registou qualquer morte por Covid-19 no nosso País, o que o levou às lágrimas na habitual conferência de imprensa sobre o estado da pandemia no nosso País.
Duas posturas que vão igualmente ao encontro das declarações de António Costa, que esta manhã visitou o Hospital Curry Cabral, o centro hospitalar que mais doentes de Covid-19 tratou ao longo do último ano em Portugal. Segundo declarou o primeiro-ministro, “o País não pode repetir os erros” que conduziram ao que considerou um “trágico mês de janeiro” e que é fundamental que se mantenha na memória “o que aconteceu”.
“As tragédias repetem-se quando os seres humanos repetem os erros que produzem essas tragédias”, disse, antes de deixar um apelo ao “sentido cívico de todos” para que “mantenhamos com enorme rigor este confinamento”.