Mais de metade dos portugueses (54%) manifesta preocupação com o uso indevido dos dados pessoais em atividades como o banco ‘online’ ou compras na Internet, acima da média europeia, segundo o Relatório Cibersegurança em Portugal, hoje divulgado.
O Relatório Cibersegurança em Portugal – Sociedade 2020, divulgado pelo Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), apresenta indicadores atualizados, nomeadamente de 2019, “sobre o estado das atitudes, dos comportamentos e da educação e sensibilização, em Portugal, no que diz respeito à cibersegurança”.
De acordo com o documento, no que diz respeito à relação ao uso da Internet para atividades como o banco ‘online’ ou a compra de bens e serviços na ‘web’, “de entre as preocupações apresentadas, para os indivíduos em Portugal, o uso indevido dos dados pessoais (54%) é a maior delas, mais do que a média da União Europeia [UE]”.
Em Portugal, o valor aumentou cinco pontos percentuais em 2019 face ao ano anterior.
Já no que respeita às preocupações em relação ao uso da Internet para atividades como o banco ou compras de bens e serviços ‘online’, a média europeia é de 79%, enquanto em Portugal é de 74%.
“A discrepância mais acentuada entre 2018 e 2019 é a que diz respeito à diminuição em 15 pontos percentuais (pp) dos que têm medo de não receber produtos e serviços comprados ‘online'”, lê-se no documento.
Ou seja, 20% dos inquiridos em Portugal manifestou medo de não receber os seus produtos e serviços comprados na Internet em 2019, uma descida de 15 pp face a 2018. A média europeia é de 22%.
Relativamente à informação sobre os riscos de cibercrime, assistiu-se a uma diminuição em Portugal no ano passado.
“Entre 2018 e 2019, há um decréscimo na percentagem de indivíduos, em Portugal, que se sentem muito bem informados (2%, isto é, menos 1 pp) ou razoavelmente bem informados (39%, ou seja, menos 4 pp); 39% dos indivíduos sentem-se razoavelmente bem informados, 34% não muito bem informados e 23% nada informados”, refere o relatório.
Já a média dos indivíduos que se sentem muito bem informados é de 11%.
“O perfil do indivíduo que se sente bem informado em Portugal tende a corresponder a um homem, jovem e com mais estudos”, adianta o relatório.
Mais de dois terços (73%) dos portugueses afirmam evitar revelar informação pessoal na Internet, em linha com o ano anterior.
O relatório destaca também que “a maior discrepância de valores em relação à média da UE diz respeito aos que acreditam que o risco de ser vítima de cibercrime está a aumentar: em Portugal, 66% dos inquiridos concordam com esta afirmação; na UE, o valor atinge os 76%”.
Regista-se um “decréscimo assinalável em relação ano anterior”, em Portugal e na média da UE, “entre os que afirmam ser capazes de se proteger o suficiente contra o cibercrime — menos 8 pp em Portugal (45%) e menos 9 pp na média da UE (52%)”.
No que respeita a aspetos sociodemográficos, “80% dos homens portugueses têm pelo menos uma preocupação, enquanto nas mulheres este valor é de 67%”.
É na faixa etária entre os 25 e 39 anos que os indivíduos “manifestam ter mais preocupações”, com “78% a revelarem ter pelo menos uma preocupação”, adianta o relatório.
“Os indivíduos que terminaram os estudos com mais de 20 anos e aqueles que ainda estudam são os que apresentam percentagens maiores quanto a ter pelo menos uma preocupação, com 86% e 78%, respetivamente”.
Na média da UE, “a percentagem de mulheres com pelo menos uma preocupação é ligeiramente superior à dos homens, com 82% e 77%, respetivamente. As faixas etárias e os diferentes níveis de educação também são mais homogéneos entre si”.
Quase metade dos homens inquiridos (47%) sente-se razoavelmente bem informado e apenas um terço das mulheres diz o mesmo.
“Os indivíduos com mais de 55 anos sentem-se menos informados do que os indivíduos das restantes faixas etárias. Por exemplo, 51% destes indivíduos sentem-se nada informados, mais do que qualquer das restantes faixas etárias”, segundo o estudo, alinhado com a União Europeia.
“As preocupações dos indivíduos, em Portugal, aumentaram em quase todas as situações em causa, em contraciclo com a tendência de diminuição verificada na média da UE”, é referido, dando o exemplo da preocupação com a fraude em cartão bancário ou em banco ‘online’, que “aumentou 10 pp, para 74%, enquanto a média da UE desceu 3 pp, para 67%”.
A preocupação com o roubo de identidade em Portugal “também aumentou significativamente, em 9 pp, para 77%, enquanto a média da UE diminuiu 4 pp, para 66%”.
Esta tendência, refere o relatório, “resulta em níveis de preocupação mais altos em Portugal do que a média da UE em relação a todas as situações apresentadas”.
No caso português, “as mulheres tendem a manifestar um pouco menos de preocupação do que os homens, bem como, de forma mais acentuada, os indivíduos com mais de 55 anos e aqueles que estudaram não mais do que até aos 15 anos de idade”.
Mais de metade (54%) das empresas em Portugal, abaixo dos 62% da média europeia, torna os colaboradores conscientes das suas obrigações em aspetos relacionados com a segurança das tecnologias de informação e comunicação (TIC).
“As empresas, em Portugal, que o fazem, na sua maioria recorrem a formação voluntária ou informação interna disponível, em 45% dos casos” e “apenas 27% recorrem a formação ou materiais obrigatórios”, uma tendência que “está alinhada com a média da UE”.
As grandes empresas “são as que mais tornam os colaboradores conscientes das suas obrigações em aspetos relacionados com a segurança das TIC, com 88% em Portugal e 91% na média da UE”.
Em relação a Portugal, o inquérito deste Eurobarómetro foi realizado pela Marktest — Marketing, Organização e Formação, entre o dia 08 e 21 de outubro de 2019 a 1.007 inquiridos com mais de 15 anos de idade, através de entrevistas presenciais.
No conjunto dos países da UE, incluindo o Reino Unido, foram inquiridas 27.607 pessoas.
ALU // MSF