A Direção-Geral da Saúde (DGS) publicou esta semana um conjunto de dez mandamentos que podem ajudar a garantir uma quadra natalícia mais segura. O objetivo é evitar uma nova vaga da Covid-19 no início do próximo ano. À VISÃO, também a pneumologista Raquel Duarte, médica do Centro Hospitalar de Gaia/Espinho, deixou alguns conselhos que podem contribuir para “um Natal imperfeito, mas mais seguro”.
1. NATAL XS O ideal é limitar as celebrações às pessoas que vivem na mesma casa mas, se não for esse o caso, existem alguns cuidados que podem diminuir a possibilidade de contágio.
2. SÓ MAIS UM AGREGADO “Se for convidar alguém, escolha apenas um único agregado familiar”, aconselha Raquel Duarte. Essas duas famílias criam uma “bolha” que deve ser mantida ao longo de toda a quadra, ou seja, as pessoas que se reúnem na consoada devem ser as mesmas que participam, por exemplo, no almoço de Natal. Caso sejam convidadas pessoas diferentes, aumenta o risco de um surto.
3. LIMITAR CONTACTOS É fundamental reduzir os contactos com pessoas que não pertencem ao mesmo agregado familiar nas duas semanas anteriores à quadra natalícia e, também, nas duas semanas seguintes para diminuir a probabilidade de contágio fora da “bolha”. Por isso, o melhor é mesmo esquecer aquele jantar com amigos para a troca de prendas do “amigo secreto”.
4. RESTAURANTE CASEIRO Em casa, devem cumprir-se as mesmas regras como se a consoada se realizasse num restaurante. A máscara só deve ser retirada enquanto se está a comer e deve voltar a ser colocada assim que se termina a refeição. O momento do repasto é o mais arriscado, desde que durante o resto do tempo se utilize máscara e se mantenha o distanciamento.
5. ORGANIZAR OS LUGARES Os membros do mesmo agregado podem estar sentados próximos uns dos outros, mas devem estar a dois metros de distância de outras famílias. “Se a mesa for demasiado pequena, uma solução pode ser sentar as pessoas em mesas diferentes”, sugere a pneumologista Raquel Duarte. Se não viverem na mesma casa, os convivas devem ser sentados lado a lado ou em ziguezague e nunca frente a frente. Se entre os convidados estiverem pessoas que pertencem a grupos de risco como, por exemplo, os idosos, é especialmente importante manter a distância e sentá-los numa zona da mesa em que possam ficar longe do resto da família.
6. NÃO PARTILHAR Apesar de a quadra apelar ao contrário, este Natal a partilha deve ser evitada ao máximo. Não se devem partilhar quaisquer objetos, nem deve ser servida comida que se coma com as mãos. Cada agregado familiar deve ter a sua própria travessa de comida e, também, utensílios de servir. Até as cestas de pão devem ser separadas por famílias, tal como as bebidas, como garrafas de vinho, sumo ou água. Mesmo dentro de casa deve manter-se a lavagem frequente das mãos e o cumprimento da etiqueta respiratória.
7. CONSOADA AREJADA Apesar do frio, as janelas devem manter-se abertas. Estando comprovado que o vírus SARS-CoV-2 também se transmite por aerossóis, além de gotículas, arejar as divisões é fundamental para o dissipar e diminuir a possibilidade de contágio. Em vez de toda a família se reunir na sala de estar para conversar, pode optar-se por uma caminhada no exterior, um encontro no jardim ou uma reunião na varanda. O melhor é mesmo levar um casaco para a consoada.
8. QUADRA HI-TECH Uma das novidades desta época natalícia é o uso das novas tecnologias que podem contribuir para encurtar distâncias com segurança. “Porque não ligar as plataformas digitais disponíveis durante a consoada?”, nota Raquel Duarte.
9. ARRUMAÇÃO No final da refeição, cada um deve levantar o seu prato e lavá-lo ou colocá-lo na máquina da loiça para evitar que outras pessoas toquem em objetos potencialmente contaminados. A seguir, é fundamental lavar as mãos com água e sabão ou com uma solução alcoólica. As superfícies devem ser desinfetadas no final da celebração.
10. SEM CANTORIAS Falar alto ou cantar potencia a disseminação de gotículas ou de aerossóis contaminados. Por isso, este ano, é essencial impedir aquele tio que se julga tenor de dar espetáculo.
11. PRESENTES SEGUROS Cada vez mais negócios dispõem de lojas online, faça uso delas para evitar o contacto com muita gente antes da quadra. E, antes e depois da entrega dos presentes, lembre-se de lavar as mãos.
12. ENCONTROS RÁPIDOS O tempo de convivência entre os familiares que não pertencem ao mesmo agregado deve ser limitado ao indispensável. Basta pensar que é considerado um contacto de risco conviver mais de 15 minutos, a menos de 2 metros, com alguém infetado. E esqueça os habituais abraços e beijinhos da quadra, a regra deve ser manter o distanciamento de 2 metros, sempre que possível.
13. REGRESSAR A CASA Também é desaconselhado pernoitar em casa de familiares. “O risco é enorme, sobretudo se partilharem a mesma casa de banho”, sublinha Raquel Duarte.
14. VALORIZAR SINTOMAS “As pessoas, muitas vezes, não valorizam os sintomas, até porque podem ser inespecíficos, como dores de cabeça ou cansaço, mas devem estar atentas e, se tiverem sinais de doença, não devem participar nas celebrações”, alerta a pneumologista que, em situações destas, aconselha a ligar para a linha SNS24. Se tiverem estado em contacto com um caso positivo, também devem seguir todas as recomendações das autoridades de saúde. Já quem estiver doente ou em isolamento profilático, deve permanecer em casa.
15. TESTAR OU NÃO TESTAR De acordo com Raquel Duarte, realizar um teste de rastreio antes do Natal não invalida que se tenham todos os cuidados referidos anteriormente. “O teste identifica os casos positivos, mas também pode resultar num falso negativo por a pessoa não ter carga viral suficiente para ser detetada”, explica. Por isso, “é mais uma medida de proteção, mas não exclui nenhuma das outras.”
A DGS recomenda, ainda, que todas as famílias cumpram as regras em vigor no seu concelho. Pode consultá-las aqui.