Viajar no tempo é uma possibilidade que passou a ser levada mais a sério depois de assumida no último livro do físico e cosmólogo Stephen Hawking, entretanto desaparecido. Em 2018, uma série de outros físicos asseguravam estarem também absolutamente convencidos de que, pelo menos matematicamente, era uma possibilidade.
Agora, uma equipa da Universidade de Queensland, na Austrália, acaba de anunciar que resolveu o paradoxo lógico que valida a teoria. Algo que concilia a relatividade geral de Einstein com a dinâmica clássica. Afinal, era o choque entre os dois sistemas que explicava a dificuldade em comprovar o conhecido paradoxo do avô. Ou seja, se viajarmos no tempo para matar um dos nossos antepassados – o avô, por exemplo – como é que poderíamos existir para o fazer?
“Como físicos, queremos compreender as leis mais básicas e subjacentes do universo e há anos que me interrogo sobre a forma de conciliar a ciência da dinâmica com o conhecimento que nos chegou de Einstein”, sublinha Germain Tobar, que liderou a pesquisa, citado pelo Independent.
A inutilidade de voltar ao passado para mudar o futuro
Para os seus cálculos, os cientistas socorreram-se da pandemia de Covid-19 como modelo para determinar se as duas teorias poderiam coexistir – já que o mais famoso físico alemão considerava a possibilidade de se viajar no tempo, mas a ciência da dinâmica avisava que a sequência fundamental do acontecimentos não poderia sofrer interferências.
“Digamos que alguém decidia viajar para o passado para tentar impedir que o paciente zero da atual pandemia fosse exposto ao vírus. Mas se isso acontecesse isso eliminaria a motivação para voltar passado, já que a pandemia não existiria”, segue o outro autor do estudo, Fabio Costa – a sublinhar aquela que é principal conclusão: é absolutamente inútil querer voltar ao passado para mudar o futuro.
Ou seja, o que quer que façamos durante esse passeio – à imagem do conhecido ‘efeito-borboleta” da Teoria do Caos, que diz que o bater de asas de uma simples borboleta pode influenciar o curso natural das coisas e até um furacão do outro lado do mundo – vai obrigar os acontecimentos a ajustarem-se exatamente para evitar o dito paradoxo.