No segundo trimestre de 2020, mais de um milhão de pessoas trabalhou a partir de casa, aponta o Instituto Nacional de Estatística (INE). Muitos acreditam que o futuro será cada vez mais longe dos escritórios e, por isso, a Remote Portugal lançou uma plataforma educativa que tem como principal objetivo implementar e normalizar o trabalho remoto em Portugal, tanto junto das empresas como das pessoas.
“A Remote Portugal vai ser o centro de conteúdo em Portugal para o trabalho remoto”, diz Gonçalo Hall, co-fundador do projeto. A plataforma vai dedicar-se a ensinar os empregadores a implementar este tipo de modalidade. Através de formações e consultoria, irão cobrir áreas chave, desde técnicas de onboarding (com o objetivo de adaptar os profissionais recém-contratados à cultura da empresa), à comunicação e colaboração, passando pela gestão de trabalhadores remotos.
Mas a Remote Portugal também pretende capacitar as pessoas a trabalhar remotamente, “seja a fazer mais trabalho a partir de casa ou a conseguir um emprego 100% remoto, independentemente da modalidade: desde começar como freelancer até criar um negócio que se possa gerir online, como um blogue ou um site de notícias”, explicita o consultor de trabalho remoto.
Gonçalo acredita que as empresas têm muito mais a ganhar do que a perder com esta transformação. “O que motiva mais os empregadores é que podem contratar em todo o país e em todo o mundo. O talento que já escasseava nalguns setores em Lisboa e no Porto de repente torna-se acessível através do recrutamento de pessoas que vivem fora desses grandes centros e que não se querem mudar para lá”.
Trabalhar a partir de casa pode trazer muitos benefícios em diferentes áreas. “Nas últimas décadas, assistimos a um grande movimento de migração das aldeias, vilas e cidades mais pequenas para as grandes cidades. Por isso, vemos muitas localidades abandonadas. Esta é uma oportunidade de descentralizar e combater a desertificação”, afirma.
Esta modalidade pode contribuir para um maior balanço entre a vida pessoal e profissional porque evita as horas no trânsito que se perdem todos os dias devido às deslocações dos locais de residência ao local de trabalho dentro dos grandes centros urbanos. “Ao trabalhar remotamente, podemos usar essas horas para fazer o que quisermos, desde exercício a passar tempo com a família e amigos”, diz o consultor.
A equipa da Remote Portugal acredita que o futuro é remoto. “O novo normal vai ser marcado por um modelo híbrido, no qual as pessoas vão trabalhar a partir de casa duas a três vezes por semana. Mas as empresas vão ter de se preparar para serem remotas porque as pessoas nunca vão estar ao mesmo tempo no escritório”. A plataforma já está online no site da Remote Portugal, mas vai ser lançada oficialmente para todo o mundo nos dias 3 e 4 de setembro na FOW (Future of Work) Portugal Summit, com a presença de algumas das maiores empresas portuguesas e estrangeiras que estão a trabalhar remotamente.