Ivy e Athon são um casal de jovens fotógrafos portugueses que, em conjunto, criaram o projeto “The Yellow Jackets”, cujo objetivo é explorar e dar a conhecer diversos locais abandonados, tanto em Portugal, como no estrangeiro. Formados nas áreas do Design e da Fotografia, conheceram-se precisamente através da paixão pela fotografia e por sítios abandonados. Sempre na companhia dos seus casacos amarelos, captam o melhor que cada sítio tem para oferecer. “O projeto dos Casacos Amarelos surgiu muito espontaneamente. Um dos casacos que usamos já vinha do pai do Athon. O outro, foi um que encontramos, completamente destruído. Começamos a usar e a identificar-nos muito com os casacos e agora fazem mesmo parte de nós”, afirma Ivy. E porquê o amarelo? É uma cor que contrasta com esses sítios sombrios e misteriosos que habitualmente visitam, oferecendo-lhes cor e vida.
Os artistas tentam sempre encontrar sítios diferentes e pouco conhecidos para fotografar. Privilegiam os locais com alguma História e que façam parte do património, tanto que o objetivo fulcral do projeto é precisamente preservar os sítios que estejam muito abandonados e vandalizados, dando-lhes visibilidade e contribuindo para a sua imortalização.
Contam que o projeto lhes tem permitido conhecer o mundo e descobrir imensos sítios novos, tanto em Portugal como no estrangeiro. No entanto, têm preferência pela descoberta de locais abandonados em Portugal principalmente pela maior quantidade de informação que têm à disposição. Mas o estrangeiro também está sempre na lista, até porque “cada país acaba por ter o seu próprio estilo de abandono e de edíficios em si”, diz Ivy. “Em Portugal temos muitos palacetes, por exemplo, mas há países que têm mais locais industriais”, acrescenta.
Desde centrais elétricas e minas, a prisões e castelos, cinemas e teatros… Todos os espaços são a tela perfeita para os “amarelinhos” (assim carinhosamente conhecidos pelos seus seguidores) desenvolverem várias obras de arte. O casal diz que não tem um sítio de eleição porque vai “criando memórias diferentes em cada um deles”. Ambos contam que tentam ao máximo preservar as localizações dos locais por considerarem que a “divulgação dos mesmos pode acabar por levar a atos de vandalismo”, o que conduz a uma degradação cada vez maior dos espaços.
Um dos maiores obstáculos das sessões fotográficas são a luz e o tempo. “Gostaríamos de ter muito mais tempo, viver só disto e poder aproveitar o tempo todo para conseguirmos tirar fotografias melhores”, afirma Ivy. Já a luz, depende muito dos locais. Um outro problema é a dificuldade em conseguir autorização para entrar em determinados sítios que se encontram fechados. “Por vezes chegamos a voltar aos mesmos espaços para tirar fotografias melhores, para conseguir uma melhor luz”, diz Ivy. “Os sítios abandonados constituem um grande desafio por causa destes obstáculos com os quais temos de lidar”, acrescenta.
Os fotógrafos utilizam as redes sociais, especialmente as suas duas contas do Instagram (@athon.01 e @ivyphobs, para partilhar os seus trabalhos e o feedback tem sido muito positivo, com muitos seguidores a sugerirem sítios interessantes. Têm, ainda, uma loja online através da qual vendem fotografias do projeto.
O casal diz que as maiores dificuldades no mundo da arte fotográfica são, sobretudo, a capacidade de se reeiventarem. As redes sociais são uma forma de ajudar na divulgação e acabam por ter os seus trabalhos vistos em países de todo o mundo. “No entanto, há cada vez mais artistas e temos de tentar criar estes conceitos diferentes com os quais as pessoas se identifiquem”, esclarece Ivy.