Estávamos em junho de 2017 quando Luís Filipe Vieira se mostrou cansado de esperar por um favor de Rui Rangel, então juiz-desembargador no Tribunal da Relação de Lisboa. Ao telefone com Jorge Barroso – advogado que em 2012 tinha integrado as listas de Rangel para a presidência do Benfica, e que servia de ponte entre Vieira e o magistrado –, o presidente dos encarnados relembrou que o assunto era “urgente”, mostrou-se saturado porque o juiz andava a prometer resolvê-lo “desde a Páscoa” e anunciou que iria “pressioná-lo” pessoalmente porque não podia “ter o dinheiro parado”.
Cerca de um mês antes, a 17 de maio, noutro telefonema com Jorge Barroso, enquanto falavam sobre a necessidade de marcarem um jantar com Rui Rangel, Vieira encerrou assim a conversa: “Vou apertar com Rangel para ver se ele resolve aquela merda.”
O juiz e o advogado estavam sob escuta há alguns meses e, ao fim de muitos telefonemas sobre o mesmo tema, os investigadores da Polícia Judiciária (PJ) que ouviam a conversa já não tinham dúvidas: Luís Filipe Vieira queria a ajuda de Rui Rangel para resolver um processo fiscal que estava pendente no Tribunal Administrativo e Fiscal de Sintra, razão pela qual não conseguia movimentar 1,6 milhões de euros. A Autoridade Tributária tinha tributado um imposto sobre mais-valias referentes à Rising-Investimentos Imobiliários (hoje chamada Votion), empresa da qual o filho de Vieira, Tiago Vieira, era administrador, mas o presidente dos encarnados impugnara aquela decisão. O problema é que Luís Filipe Vieira não podia movimentar aquela quantia enquanto o processo não fosse decidido. Daí a sua urgência.
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