O Lago Laacher estende-se numa caldeira vulcânica com dois quilómetros de diâmetro, não muito longe da cidade de Bona. É o equivalente alemão à Lagoa das Sete Cidades, nos Açores, também ela herança da atividade vulcânica de outros tempos. Hoje transformado em local de veraneio, o Laacher surgiu de uma violenta erupção, há cerca de 13 mil anos, na região agora denominada como Parque Natural de Eifel. No subsolo desta extensa área florestal e de campos de cultivo, conhecida pelos seus vários lagos cratera como o Laacher, haverá mais de 300 vulcões adormecidos, alguns há 200 mil anos, mas uma equipa de geólogos americanos veio agora pôr em causa a ideia de que está tudo calmo lá em baixo.
“A maioria dos cientistas assumiu que a atividade no Eifel é coisa do passado, mas, unindo os pontos, parece evidente que alguma coisa está a fermentar debaixo do coração do Noroeste da Europa”, afirma o principal responsável pela investigação, Comé Kreemer, da Universidade do Nevada.

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Através de dados captados por antenas de GPS na Europa, os cientistas estudaram os movimentos verticais e horizontais da superfície terrestre, tendo detetado anomalias numa vasta região que abrange também parte da Bélgica, dos Países Baixos e do Luxemburgo. “Os resultados indicam que uma pluma ascendente poderia explicar os padrões observados e o nível do movimento do solo”, avança Kreemer, referindo-se à pluma mantélica – material geológico que apresenta temperaturas superiores ao normal e pode constituir uma expécie de ignição para fenómenos vulcânicos – que existirá na região a uma profundidade estimada de 400 quilómetros.
Além de apontarem para a existência de alguma atividade vulcânica, as conclusões do estudo, publicadas no Geophysical Journal International, sugerem ainda a necessidade de se realizarem mais pesquisas sobre a ação sísmica na zona. “Isto não quer dizer que uma erupção ou um terramoto esteja iminente, ou mesmo que seja uma possibilidade”, nota Comé Kreemer. “Nós e outros cientistas vamos continuar a monitorizar a área, recorrendo a uma variedade de técnicas geofísicas e geoquímicas, de modo a compreender e e medir melhor os potenciais riscos.”