O Relatório Mundial da Felicidade de 2020 considerou, pela terceira vez consecutiva, a Finlândia como o país mais feliz do mundo. O documento que é publicado todos os anos, desde 2012, apresenta os dados e analisa as diferentes categorias que indicam quais os países que melhor promovem a felicidade.
Desde o primeiro relatório que existem quatro países que lutam pela primeira posição. A Dinamarca ganhou o primeiro lugar em 2012, 2013 e 2016, a Suíça em 2015, a Noruega em 2017 e agora a Finlândia em 2018, 2019 e 2020.
Neste ano profundamente marcado pela pandemia do coronavírus, questiona-se se a Covid-19 pode ser um entrave à felicidade dos países que mais sofreram com o impacto do vírus. Mas a organização, conclui que esta crise pode não ser um indicador negativo. “A pandemia apresenta grandes riscos para alguns dos principais apoios ao bem-estar, principalmente à saúde e à economia” referem. “Conforme revelado por estudos anteriores de terremotos, inundações, tempestades, tsunamis e até crises económicas, uma sociedade com uma alta confiança naturalmente procura e encontra maneiras cooperativas de trabalhar em conjunto para reparar os danos e reconstruir vidas melhores”, explicam os autores. “A explicação mais frequente parece ser que as pessoas ficam agradavelmente surpreendidas com a disposição dos seus vizinhos e das suas instituições de trabalharem em conjunto para se ajudarem. Isso proporciona um maior senso de pertença e orgulho pelo que conseguiram alcançar no meio da mitigação”.
Neste cenário de crise, é fundamental saber adaptar-se perante as condições e continuar a viver. Nesse sentido, os finlandeses têm pequenos hábitos, comprovados pela ciência, que contribuem para a sua felicidade e bem estar, mesmo em tempos de pandemia.
1 – Começar bem o dia
Sempre ouvimos dizer que é de manhã que se começa o dia. Para o finlandeses, o dia começa com um copo de água quente e uma caminhada até à rua. Se cumprir com estes “objetivos” logo de manhã conseguirá sentir-se capaz de realizar outras tarefas.
Ainda não existe muitos estudos que comprovam os benefícios de beber água quente mas o site Medical News Today confirma que esta rotina melhora a digestão, desintoxica o corpo e melhora a circulação sanguínea, o que também se pode refletir na redução das dores.
Fazer um passeio logo de manhã, não muito prolongado, para além dos benefícios que traz para o corpo, ainda ajuda a despertar. Um estudo publicado em 2017 na revista Physiology & Behavior compara 10 minutos de caminhada de intensidade baixa a moderada com o consumo de cápsulas contendo 50 mg de cafeína. O estudo comprovando e concluí que uma caminhada tem mais efeitos energéticos do que beber café.
2 – Água fria
Se os finlandeses concordam que beber água quente de manhã é muito benéfico para o corpo, também confirmam que mergulhar o corpo em água gelada é uma solução para despertar. Lavar o corpo com água fria, mesmo que seja só mergulhar a cara num balde com cubos de gelo, traz vários benefícios, de entre os quais, o aumento da frequência cardíaca, a pressão arterial mais alta e a frequência respiratória mais elevada.
A água fria também aumenta o metabolismo do corpo porque este precisa de trabalhar mais para manter uma temperatura estável. Os banhos frios criam assim uma sensação de revigoramento, o que pode levar uma pessoa a ser mais ativa fisicamente.
3 – Escrever coisas boas
Existem vários estudos que confirmam a importância de escrever, passar os pensamentos para o papel para que deixem de estar apenas na nossa cabeça. Os finlandeses têm o hábito de escrever sobre coisas que são gratos e que os deixam felizes.
“A terapia da escrita (…) está a começar a mostrar sinais de que pode ajudar numa variedade de condições de ansiedade e depressão” escreve Chris Ellis, médico de família, no texto “Writing Therapy“. O médico refere que pode ser difícil para muitos encontrar e adaptar um método de expressão mas sublinha que o importante não é a escrita em si, como escrever de acordo com o acordo ortográfico ou com os verbos no tempo certo, mas sim o conteúdo.
4 – Aprender a respirar
Em momentos de maior stress nem sempre conseguimos controlar todas as partes do nosso corpo. Saber controlar a respiração e aprender a respirar é algo importante para que consigamos agir e reagir. Contudo, não é apenas nestes momentos que devemos prestar atenção à nossa respiração.
Saber respirar exige um controlo do fluxo de ar que inalamos e expiramos, um controlo do nosso corpo e da nossa mente. Esta técnica pode ajudar a controlar situações de maior stress mas também permite que durante o dia-a-dia estejamos mais calmos e mais conscientes do nosso movimento.
“Os principais efeitos das técnicas de respiração lenta abrangem o sistema nervoso central, o sistema nervoso autónomo, assim como o estado psicológico. As técnicas de respiração lenta promovem alterações como o aumento da variabilidade da frequência cardíaca e a arritmia sinusal respiratória, paralelamente às modificações da atividade do sistema nervoso central” escreve um grupo de investigadores da Universidade de Pisa, em Itália.
5 – Foco no que é importante e aprender a não se preocupar
Ao longo do dia somos bombardeados com informação e acontecimentos. Precisamos de um filtro para entender com os quais devemos ou não preocuparmo-nos. A dica dos finlandeses é dar importância ao que é realmente essencial e não centrar as nossas emoções em algo irreal.
Um estudo desenvolvido por Lucas LaFreniere e Michelle Gayle Newman, ambos do Departamento de Psicologia da Universidade da Pensilvânia, pretendia testar pessoas com ansiedade e analisar as suas preocupações. Durante 30 dias, as pessoas que participaram no estudo tinham de escrever os seus maiores receios e preocupações. No final do estudo concluiu-se que uma grande percentagem dos medos e ansiedades dos participantes eram irreais. “Os resultados primários revelaram que uma média de 91,4% das previsões de preocupação não se tornou realidade. (…). As probabilidades médias esperadas dos participantes de que as preocupações se realizavam eram muito maiores do que as probabilidades reais observadas”, explicam os autores do estudo.
6 – O contacto com a natureza
Observar as plantas, as árvores, as flores e ouvir os passarinhos pode ser uma atividade terapêutica. Estar em contacto com a natureza promove um maior bem estar interior e ajuda a prevenir doenças.
Um grupo de investigadores da Escola de Saúde e Desenvolvimento Social da Universidade de Deakin, na Austrália, analisou como a conexão com a natureza é fundamental para o tratamento de doenças mentais. “As evidências demonstram que a atividade física, a conexão social e o contato com a natureza melhoram a saúde e o bem-estar dos humanos. O exemplo do caso ilustra como o contato ‘ativo’, ‘social’ e ‘aventureiro’ com a natureza pode ser combinado dentro de uma intervenção de tratamento para proteger e melhorar a saúde de indivíduos com dificuldades crónicas de saúde mental, emocional e física”, lê-se no estudo. “O contato com a natureza constitui uma estratégia de promoção da saúde com potencial aplicação na prevenção, intervenção precoce, tratamento e assistência da doença”, concluem.