O desconfinamento levanta questões inéditas sobre os hábitos e comportamentos dos portugueses. A perceção de risco e a preocupação de contrair o vírus serão determinantes para o “novo normal”. Da nossa amostra, 43% considera que há um risco moderado de ser infetado e 31% espera que, nesse caso, a gravidade da doença seja reduzida (assintomática ligeira). Quem tem rendimentos mais baixos revela mais preocupação com essa possibilidade e perceciona um risco de contágio mais elevado, o que pode indicar estados de saúde mais débeis em famílias com menos rendimentos. Cerca de 50% mantém-se em isolamento e pretende manter as restrições associadas a reuniões familiares. Além disso, apenas 12% não tentou adquirir proteções e 65% reporta ter tido dificuldade em encontrá-las, nomeadamente máscaras. As desigualdades mantêm-se em relação às perspetivas para o verão, sendo que, do grupo de menor rendimento, 70% não tinha nem planeia ter férias, contra 30% do grupo de maior rendimento. As desigualdades socioeconómicas determinam comportamentos e são aprofundadas pela Covid-19.
Por Pedro Pita Barros, Eduardo Costa e Sara Almeida
Fonte: Inquérito sobre a pandemia Covid-19 (624 pessoas constituem a amostra da 4ª vaga do inquérito, realizada entre os dias 8 e 20 de maio)