Fechados desde dia 22 de março, há mais de 40 dias, os salões de beleza nacionais ultimam a abertura na próxima segunda-feira, 4 de maio. Preparam-se para também terem gente à espera à porta. As filas distanciadas já não serão formadas apenas à entrada de supermercados, mercearias ou farmácias. São cerca de 38 mil salões de cabeleireiro e institutos de beleza – empregam 50 mil pessoas e faturam 560 milhões de euros, de acordo com os dados de 2018 da Associação Portuguesa de Barbearias, Cabeleireiros e Institutos de Beleza (APBCIB) – dos primeiros serviços ao público a testar esta espécie de regresso à normalidade, com o desconfinamento possível. E como os profissionais de cabeleireiro e barbearia trabalham a menos de dois metros de distância do cliente, todas as precauções são ainda necessárias.
Há mais de uma semana, Águeda Tavares, 74 anos, recebeu o telefonema da sua cabeleireira a dizer que iria abrir e como tudo se processaria, com as novas regras, e desde logo marcou dia e hora, 6 de maio, às 17, será a última cliente desse dia. Águeda Tavares tinha por hábito ir ao cabeleireiro todas as semanas, mas desde 12 de março que deixou de ir: os cabelos brancos já estão à vista, a cor perdeu o brilho, o champô não é o mesmo e a permanente para aguentar as manobras com a escova já deram as últimas. Está em contagem decrescente para voltar a sentir-se bem e bonita, com aspeto cuidado. A ida ao cabeleireiro vai tirar-lhe anos de cima.
Seguindo as recomendações da Direção-Geral da Saúde, todos os estabelecimentos deverão preferir usar materiais descartáveis de utilização única e ter sempre à mão álcool 70% ou toalhetes humedecidos em desinfetante.
Aos funcionários do cabeleireiro é-lhes pedido que usem máscara cirúrgica, óculos ou viseiras de proteção (da mesma tipologia que está a ser usada pelos médicos a tratar doentes com Covid-19), além de roupa de manga comprida e calçado a utilizar apenas dentro das instalações, mudado diariamente, ou batas descartáveis.
Ao cliente pede-se que leve o mínimo possível para dentro do estabelecimento (sacos com compras, por exemplo, não) e que também entrem com máscara descartável. A solução assética à base de álcool que deve ser colocada à entrada/saída servirá mesmo para incentivar o seu uso por parte também dos clientes. E como não há espera, não há revistas, tablets ou testers de produtos – tudo será retirado para evitar o manuseamento.
As conversas também serão menos, pois terá de ser deixado um lugar vazio entre cada cliente e não vale a pena aparecer de surpresa. Os atendimentos só funcionam com reserva prévia, para manter o mínimo de pessoas no interior do cabeleireiro – um número calculado em função dos metros quadrados de área útil da loja, o número de cadeiras, as mesas de manicura e os postos de trabalho fora de gabinetes isolados.
A loja também terá de respeitar certas regras de limpeza, higienização e desinfeção, cumpridas com maior frequência para todas as superfícies, principalmente, onde exista maior toque humano, como sejam mesas de manicura, braços das cadeiras, interruptores, maçanetas da porta e terminal de multibanco.
Todo o material que não é de utilização única deverá ser lavado após cada utilização, usando um detergente da louça, seguido de desinfeção com um virucida ou álcool 70% e esterilização (temperatura acima dos 60º).
No mínimo, deverão existir dois caixotes de lixo com tampa acionada a pedal. Num saco deitam-se os resíduos urbanos, no outro os equipamentos de proteção individual descartáveis (máscaras, luvas, batas). As roupas de trabalho dos funcionários, as toalhas e os penteadores não descartáveis, após uma única utilização, deverão ser lavados na máquina com lixívia e a mais de 60 graus. Tudo isto em prol da beleza dos portugueses. A auto-estima e a sanidade mental agradecem.