Quando apareceram nas passarelas de moda, ModaLisboa incluída, no final de fevereiro, tudo soou ao habitual detalhe exagerado que os estilistas gostam de salientar nas suas coleções. Na plateia, apenas um ou outro rosto apareciam tapados.
Eram tempos em que andar na rua com um objeto a cobrir nariz e boca era um hábito sobretudo oriental. Só naquelas paragens é que tinha sido eleito, há muito, como arma para as várias epidemias que assolaram aquela região do globo nas últimas décadas.
Acessório para cobrir o rosto usado desde tempos ancestrais, a máscara sofreu uma mudança abissal no século XIV. Perante a peste negra, que matou, foi do que os médicos se socorreram para se protegerem.
Até que, no final do século XIX nasceu um modelo semelhante ao atual, O objetivo era evitar que, durante uma operação, as bactérias criadas na respiração entrassem numa ferida aberta – uma história contada ao detalhe por John L. Spooner, no livro “História das máscaras cirúrgicas: os mitos, as máscaras e os homens e mulheres por detrás delas”.
Símbolo de uma consciência cívica
O método faria, depois, uma primeira globalização com a chegada da Gripe Espanhola, em 1918. Mas no fim da I Guerra Mundial, a maioria das pessoas deixou de as usar.
A exceção haveria de ser a China, mais tarde, onde passou a simbolizar uma consciência cívica e se tornou relativamente comum. Sobretudo, com a epidemia de SARS (Sigla de Síndrome Respiratória Aguda Grave), que rebentou no mundo asiático em 2002.
Daí que, mal o novo coronavírus apareceu, no mercado chinês de Wuhan, o seu uso se tenha novamente generalizado. Longe iam os tempos em que as autoridades de Pequim tinham tentado proibir o seu uso pelos ativistas pró-democracia, em Hong-Kong. A razão? Usavam-nas para esconder a face.
Por cá, enquanto as autoridades de saúde não assumiram publicamente que faziam diferença – acompanhando medidas como o distanciamento social e a higienização das mãos – ainda eram a exceção nas ruas. Mas desde que as recomendações mudaram, cresceram e multiplicaram-se até os vídeos e afins a explicar como fazer uma em casa. E até as explicações sobre os vários tipos e a forma de as usar corretamente.
São as chamadas máscaras sociais. Não protegem tanto como outras, mas já são uma barreira. Influencers, modelos e atrizes inundaram também, entretanto, os seus murais com imagens de cara tapada.
Na mesma linha, a tecnológica Xiaomi já dera outro passo, ao colocar à venda uma máscara de esterilização elétrica, e que carrega via USB, coroando aquilo que já é considerado um símbolo deste novo tempo.
Seja qual for o formato adotado, o lema é: “eu protejo-te a ti, tu proteges-me a mim”.