Se será um voo rasante, à tangente ou em modo colisão, ainda é cedo para saber. Por agora, nada como fazer simulações no espaço e no tempo, calcular rotas e, não menos importante, estudar meios para lidar com uma potencial catástrofe no caso de o asteroide gigante 99942 Apófis entrar na atmosfera terrestre daqui a nove anos, no mês de abril.
Um evento raro e excitante para a comunidade científica, que se concentra na observação e estudo desta massa, com o auxílio de telescópios e programas informáticos.
Com cerca de 325 metros de comprimento e uma velocidade orbital de 30 728 quilómetros por segundo, esta rocha espacial chegou a ser classificada como asteroide potencialmente perigoso, e a NASA está a avaliar o grau de destruição que pode implicar, no pior dos cenários. Os cientistas seguiram durante cinco dias um asteroide com o tamanho equivalente a um quarteirão e cuja probabilidade de atingir o planeta em 2027 é de uma em cem, tendo a cidade de Nova Iorque por alvo.
No exercício simulado, a equipa de investigadores planeou o disparo de mísseis na tentativa de desviar a trajetória do asteroide, pondo os humanos fora de perigo. Porém, a queda de um fragmento de 60 metros de diâmetro seria suficiente para causar estragos ao explodir na Terra: o temido evento teria uma força superior em mil vezes à bomba lançada em Hiroshima, e seria capaz de esmagar a maior parte da cidade de Manhattan.
Enquanto se estudam probabilidades, o cenário de caos e pânico permanece no domínio da ficção. As estimativas disponíveis apontam para a existência de 25 mil asteroides com tamanho idêntico a este e trajetórias próximas do nosso planeta. Segundo a Agência Espacial Europeia (ESA), menos de 5% delas representam efetivamente um risco.
Nos últimos anos foram lançados vários prémios para propostas de desvio do “assassino planetário”, desde o recurso a um trator gravitacional à colocação de nave movida a radiação solar a circular em sentido inverso ao da rocha.
Prever e agir
Projetar trajetórias de asteroides é possível, mas não exclui um grau de imprevisibilidade. O Apófis foi descoberto há mais de 15 anos, quando o risco de a sua passagem não ser só tangencial foi calculada em 2,7% (a partir de 1% já constitui um fator de preocupação). Observações mais recentes, no entanto, reduziram a probabilidade de impacto para níveis negligenciáveis.
O asteroide continua a merecer o interesse da comunidade internacional. A escaparmos desta, só haverá novo motivo para alarme em 2036, quando o Apófis se voltar a aproximar da Terra.
Este artigo foi atualizado a 24 de fevereiro, com informações sobre as novas estimativas de risco do asteroide.