Eamonn Quigley, um médico responsável pelo departamento de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital Metodista de Houston, EUA, já explicara em dezembro, numa entrevista à VISÃO, a importância do conhecimento do microbioma intestinal no tratamento e prevenção de doenças como o cancro do cólon. Agora, dois novos estudos sugerem que o microbioma (o complexo de microrganismos que habitam todo o sistema digestivo) poderá ser capaz de prever a possibilidade de uma pessoa morrer nos próximos 15 anos.
O primeiro, uma meta-análise, analisou 47 estudos sobre a ligação entre o conjunto de microrganismos intestinais e 13 doenças, entre as quais esquizofrenia, hipertensão e asma. As pesquisas foram posteriormente comparadas com 24 estudos de associação genética, um método relativamente recente que permite avaliar o papel de determinadas variações genéticas no desenvolvimento de doenças. O resultado? O conhecimento do microbioma é 20% mais eficiente do que a informação genética a distinguir entre uma pessoa saudável e outra não saudável, e 50% a prever diagnósticos de cancro colorretal.
A confirmar-se, a nova descoberta revelar-se-ia útil para futuros diagnósticos destas doenças. “Podemos usar o microbioma e a genética humana para melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, disse Braden Tierney, biólogo computacional na Faculdade de Medicina de Harvard e um dos autores do estudo, à revista científica Science.
Por seu lado, o segundo estudo, finlandês, recolheu desde 1972 informações de saúde de milhares participantes, assim como amostras de fezes, que seriam sequenciadas em 2017. Foi através desta pesquisa que os investigadores do estudo, publicado na medRxiv – uma publicação de ciências médicas de acesso aberto – procuraram a ligação entre um microbioma intestinal e o tempo de vida humano. Os resultados obtidos revelaram que os portadores da bactéria Enterobacteriaceae – um conjunto de bactérias infecciosas de que fazem parte as conhecidas E.coli esalmonela – têm mais probabilidade de morrer nos 15 anos seguintes.