A Associação Internacional de Federações de Atletismo (AIFA) tem nas mãos uma decisão difícil: se proíbe ou não que os ténis Vaporfly, da Nike, possam ser usados em competição. O organismo que tutela o atletismo está a analisar se o design, a tecnologia e os materiais deste modelo estão a dar uma vantagem artificial aos atletas que o usam.
Na base da polémica está uma placa em fibra de carbono, envolta em espuma plástica, que impele os atletas para a frente, poupando-lhes uma quantidade significativa de energia. A primeira versão dos ténis, lançada em 2017, chamava-se mesmo Vaporfly 4%, numa referência à quantidade de energia economizada em corrida.
Sem surpresas, vários atletas de topo têm optado pelos Vaporfly. Foi com a sua versão mais avançada (e que ainda não está a ser comercializada), por exemplo, que Eliud Kipchoge conseguiu o feito, inédito na História do desporto, de terminar uma maratona em menos de duas horas, em outubro passado. A questão está agora em saber se a AIFA proíbe todas as Vaporfly, incluindo as que estão hoje à venda, ou apenas as que o atleta queniano usou. A decisão deverá ser anunciada no final de janeiro.
A ideia de que os ténis são bons que podem constituir batota tem-se revelado boa publicidade. Segundo a Bloomberg, numa corrida universitária no Japão, no início do mês, 84% dos participantes usaram as Vaporfly. Por outro lado, quando se soube que a AIFA ia discutir o assunto, as ações de algumas marcas rivais subiram. A AIFA, recorde-se, tomou a decisão de não permitir que o campeão paralímpico sul-africano Oscar Pistorius competisse nos Jogos Olímpicos: concluíram que as suas próteses lhe davam uma vantagem injusta, em relação aos outros atletas. O Tribunal Arbirtral do Desporto, no entanto, reverteu a decisão.