Quando confrontados com números, os cães ativam o sulco intraparietal – uma região do córtex parietal associada a operações numéricas no cérebro humano – para processar dados. Segundo os investigadores, os resultados obtidos na pesquisa, publicada na Biological Letters, revelam algumas semelhanças com os mecanismos neurológicos responsáveis pelo processamento de dados numéricos pelos seres humanos, o que os leva a acreditar que essas evidências podem ser reveladoras da natureza “virgem” destes processos que se mantiveram imutáveis ao longo do curso da evolução dos mamíferos.
Para a pesquisa, foram usados 11 cães de raças diferentes, submetidos a ressonâncias magnéticas. A cada um dos caninos foi mostrado um número variado de pontos luminosos num painel. Nenhum dos cães recebeu treino em processamento de números ou quantifcação de objetos. Os resultados revelaram que dos 11 cães, 8 apresentaram uma maior ativação do córtex parietal, ajudando os investigadores a concluir que os mencanismos neurológicos responsáveis pelo processamento dos números é muito semelhante aos dos seres humanos.
Os processos neurológicos desenlvolvidos pelos cérebros dos cães envolvidos neste estudo conseguiram responder às diferenças no números de items mostrados no painel durante a ressonância magnética. Os investigadores acreditam que estes mecanismos estão presentes em múltiplas situações da vida deste animais, seja quando procuram alimento ou quando tentam escapar aos predadores.
Em 2018, o New York Times publicou um artigo onde também deu conta de um “senso agudo de quantidade” identificado entre algumas espécies do reino animal. É o caso das aranhas que conseguem contabilizar o número de presas em “stock” caídas nas suas teias; ou os peixes pequenos que se juntam aos grandes cardumes para poderem aumentar as probabilidades de escaparem dos predadores. Estas espécies são capazes não apenas de distinguir maior e menor, mais de menos, mas dois de quatro, quatro de dez e quarenta de setenta.
No caso dos seres humanos, o artigo sublinha também que a imutabilidade deste campo pode ser revelada nas palavras que servem para designar pequenas quantidades – menos de cinco. Um, dois, três e quatro são palavras surpreendentemente semelhantes em praticamente todas as línguas estudadas e estão entre os elementos mais estáveis e imutáveis de qualquer léxico.
Os investigadores acreditam que este avanços podem ter um impacto importante no tratamento de algumas patologias associadas ao funcionamento deficiente das estruturas cerebrais do córtex parietal e trazer novidades ao campo da inteligência artificial.