A passada sexta-feira, 13, foi mesmo um dia aziago para Jamie OIiver. Num ano negro, marcado por um pedido de insolvência, foi encerrado o 23º restaurante com o seu nome, no Reino Unido. Mas este não era mais um restaurante. O Fifteen Cornwall era o único espaço sobrevivente no Reino Unido que mantinha o nome do chef e o que restava de um projeto benemérito iniciado em 2002, dando formação a 15 jovens com problemas sociais e económicos todos os anos.
Com o colapso do seu negócio, em maio deste ano, foram despedidos 1200 funcionários e o Fifteen de Londres também fechou, apesar das tentativas de Oliver para o manter a funcionar. A gestão da área da restauração ficou nas mãos da KMPG, uma empresa externa indicada pelos tribunais, e não era possível manter uma obra benemérita tendo 81 milhões de euros de prejuízos acumulados.
A insolvência pedida por Jamie Oliver chega num ano que devia ser de celebração, 20 anos depois da sua estreia na televisão britânica com o irreverente “Naked Chef”. O seu estilo descontraído e sentido de humor romperam com a linha tradicional dos programas de culinária, e a forma como apresentou os seus pratos italianos – simples, rápidos e deliciosos – levou milhares de pessoas a aventurarem-se pela primeira vez na cozinha. A sua popularidade no Reino Unido viria a torná-lo famoso em todo o mundo, e nada fazia prever os problemas financeiros que o viriam a afetar.
Contudo, a insolvência decretada diz respeito apenas à área da restauração, mantendo outros negócios com a sua marca, como os programas de televisão, livros e acessórios de cozinha. Essas empresas estavam avaliadas, no final do ano passado, em 282 milhões de euros.
Apesar de ter investido muito dinheiro a tentar salvar os seus restaurantes nos últimos anos, factores externos como o aumento de preços nos fornecedores, a concorrência esmagadora no espaço do “casual dinning” e até o Brexit vieram a revelar-se implacáveis, arrasando todos os planos. O negócio não tinha forma de ser rentável. Pelo menos não da forma como Jamie Oliver o queria fazer, usando produtos locais e tradicionais, maioritariamente biológicos e de culturas extensivas, respeitadoras de ambiente e dos direitos dos animais.
Em Inglaterra, só no aeroporto de Gatwick permanecem (ainda) três espaços licenciados. No resto do mundo há 62 espaços com o nome do chef, e um deles fica em Lisboa. Como é um franchising, mantém-se aberto, imune para já à derrocada do império do britânico. Aliás, em setembro abriu o segundo espaço Jamie Oliver na capital: uma pizzaria.
O chef mostrou-se “profundamente triste” com o encerramento dos seus restaurantes, tendo publicado uma mensagem de agradecimento a todos os clientes: “Foi um verdadeiro prazer servir-vos.”