Foram descobertos 19 cadáveres mutilados – nove deles pendurados semi nus numa ponte – na cidade de Uruapan, a oeste da Cidade do México. A autoria do massacre foi reivindicada pelo cartel Jalisco New Generation, que deixou uma bandeira branca ao lado dos corpos pendurados. Além dos pendurados, outros 10 corpos desmembrados e cheios de balas foram descobertos abandonados em dois locais próximos. “Pessoas encantadoras, continuem com as vossas rotinas”, podia ler-se na bandeira, por baixo das iniciais do grupo, CJNG, escritas a vermelho.
O procurador-geral do estado de Michoacán, Adrián López Solís, atribui as mortes a um confronto entre cartéis rivais que lutam pelo controlo do comércio de drogas na região. Falko Ernst, investigador do Grupo Internacional de Crise, que estuda os cartéis do México, concorda que o massacre teve o objetivo claro de intimidar grupos criminosos rivais, as suas famílias e até as autoridades mexicanas.
Neste momento, existem três grupos a competir para controlar a cidade: o CJNG, o cartel dos cavaleiros templários e Las Viagras (que pertencem a uma organização chamada Nueva Familia Michoacana). O CJNG é particularmente conhecido pelas suas demonstrações públicas de força, com o objetivo de desafiar as autoridades. Em maio, surgiram imagens dos membros do cartel, armados, a desfilar por Zamora, outra cidade de Michoacán, em carros pintados com a sua insígnia. O grupo foi nesse mesmo dia responsabilizado por um tiroteio que matou quatro polícias.
Contudo, segundo Ernst, esta luta comercial entre cartéis não é apenas para dominar o tráfico local de drogas, mas também a indústria de abacate da região, que vale milhões de dólares. “O grande ‘íman’ aqui é o abacate”, afirma.
Há bastante tempo que a cidade de Uruapan sofre com as rixas entre cartéis. Em 2006, cinco cabeças foram atiradas para a pista de dança de uma discoteca — um ataque que desencadeou a catastrófica guerra de seis anos do presidente Felipe Calderón contra as drogas. Esta extensa operação contra o narcotráfico acabou por fracassar, resultando apenas num custo de vidas sem precedentes. Desde aí que o número de homicídios sobe anos após ano. Em 2018, o México atingiu o número recorde de 35.964 pessoas assassinadas.
Andrés Manuel López Obrador foi eleito presidente do México em dezembro, graças a uma campanha contra a criminalidade no país. Obrador já criou uma nova força de segurança chamada “Guarda Nacional” e atribuiu bolsas de estudo para adolescentes desfavorecidos, numa tentativa de impedir que se juntem aos cartéis. No entanto, desde que assumiu a presidência, já foram registados 17.608 homicídios.
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