O supermercado Mercadona, em Canidelo, Vila Nova de Gaia é o primeiro da cadeia espanhola em Portugal. Até ao final do mês, espera-se que abram mais três em Matosinhos, Maia e Gondomar. E 2019 não chegará ao fim sem ter pelo menos 10 lojas da Mercadona a funcionar em Portugal. O nosso país é a primeira internacionalização da cadeia de supermercados espanhola, que no país de origem já conta com mais de 1600 lojas.
160 milhões de euros é o montante de investido inicialmente pela empresa na sua entrada em Portugal. O Mercadona construiu um centro de distribuição na Póvoa de Varzim, com 50 mil metros quadrados. Será o posto de fonecimento das primeiras lojas que estarão situadas obrigatoriamente no norte do país (sendo Aveiro a cidade mais a sul). A chegada da cadeia de supermercados à capital implica a construção de um novo centro de distribuição.
Numa altura em que 46% das vendas dos supermercados em Portugal são feitas através de promoções, a empresa espanhola destaca-se por não ter promoções ou cartões fidelização. Ainda não se sabe se a estratégia vai ou não mudar em Portugal, a verdade é que, de acordo com um analista de retalho que falou com o Observador, “os espanhois podem vir para Portugal e dar-se ao luxo de estar vários anos a perder dinheiro, com uma estratégia de preços agressiva que obrigue a Jerónimo Martins e a Sonae (e os outros) a baixarem ainda mais os preços”.
As quatro marcas próprias serão a aposta nos seus supermercados em Portugal – a Hacendado é de produtos de alimentação, a Deliplus de produtos de higiene e cuidado pessoal, a Bosque Verde especializa-se em limpeza do lar e da roupa e a Compy em artigos para animais de estimação. Ainda assim, também poderá encontrar outras marcas nos supermercados Mercadona.
O salário base de um trabalhador do supermercado em Portugal será de 903,38 euros brutos mensais. O valor já inclui os duodécimos de subsídio de férias e Natal, mas considera os 6 euros brutos diários para alimentação. O horário de trabalho são 40 horas rotativas.
Juan Roig, 69 anos, presidente e fundador da Mercadona, foi recebido em audiência pelo presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, em novembro de 2018, na altura do anúncio da chegada do Mercadona a Portugal. O gesto do chefe máximo português não foi bem digerido pelos restantes empresários retalhistas. Ainda assim, Paulo Azevedo, chairman da Sonae, garantiu numa conferência de imprensa que “estamos muito habituados a gigantes bem maiores, franceses e alemães. (…) Estamos preparados e também muito confiantes, porque temos muita experiência nestas lutas e desafios”.