O caso de que se fala quando se faz a perturbadora junção da palavra Airbnb com a expressão “câmaras escondidas” ocorreu com uma família da Nova Zelândia, que descobriu estar a ser filmada numa propriedade que alugou em Cork, na Irlanda – e que foi revelada, a par de outros casos do género, no mês passado pela revista The Atlantic. É claro que a empresa alegou estarmos perante incidentes isolados e que investigou, pediu desculpas a quem de direito e tomou medidas, insistindo sempre que experiências assim negativas durante as estadas são extremamente raras.
“A segurança e privacidade da nossa comunidade, tanto online como offline, é a nossa prioridade”, disse o Aribnb em comunicado, após o incidente na Irlanda. “As nossas políticas proíbem o uso de câmaras ocultas e levamos os relatórios de violações muito a sério”, rematava.
No entanto, Andrew Barker, o neozelandês especialista em segurança de sistemas de informação que fez essa primeira denúncia, não se ficou por ali – e aconselhou outros viajantes a aprender a detetar dispositivos secretos.
“Pensamos que as pessoas devem saber que este tipo de mercado não é muito regulamentado e, caso não queira ser filmado, então precisa tomar todas as medidas que forem precisas”, disse ainda a sua mulher, Nealie Barker.
Mas será mesmo possível verificar esses dispositivos sem cair em paranoia? Idealmente, não deveríamos ter de o fazer – afinal, qualquer aluguer é também um exercício de confiança, sem o qual é difícil sair em casa. “Claro que isto até pode estar a acontecer apenas numa minoria de propriedades no site, mas nunca é má ideia dar uma vista de olhos quando chegar ao seu destino”, insiste Pauline Frommer, diretora dos guias de viagem Frommer’s. “E não só para a possível existência de câmaras escondidas, mas também para outros itens de segurança, como saídas desobstruídas e extintores de incêndio”, acrescentando que “nunca nos devemos esquecer que os lugares disponíveis no Airbnb dizem respeito a propriedades privadas, não sujeitas aos mesmos tipos de inspeção que um hotel teria”. E mesmo assim, nem estes estão livres da suspeita – no mês passado, várias detenções foram feitas na Coreia do Sul, depois de se saber que mais de 1600 pessoas tinham sido secretamente filmadas em quartos de motel.
Daí que, como insistem os Barker, todo o cuidado é pouco para identificar câmaras ocultas. Primeiro de tudo, procure o brilho de lentes em pequenos orifícios e afins – e isso inclui os versos dos livros, espelhos, lâmpadas, plantas da casa e em áreas com grandes campos de visão. Por exemplo, a lente que os Barker encontraram estava escondida num detetor de fumo.
Pode ainda servir-se da lanterna do seu smartphone para captar reflexos dessas câmaras que possam estar tapadas. Especialistas em tecnologia aconselham ainda a desligar todas as luzes e apontar com a lanterna em toda a volta. Lembre-se ainda que os todos os gadgets podem ser direcionados: tanto os despertadores como os tais detetores de fumos são esconderijos possíveis para câmaras.
Contra tudo isto, as empresas de tecnologia já estão a oferecer outras soluções: primeiro que tudo, já é possível instalar aplicações no telefone que fazer essa busca por si. Além disso, como as câmaras precisam de uma ligação de internet para armazenar ou transmitir as suas filmagens, é muito possível que estejam ligadas à mesma rede do seu anfitrião – e é a pensar nisso que empresas como a Fing já estão a oferecer dispositivos que varrem por completo as redes wi-fi e veem quais os dispositivos ligados.
Já Sarah Schlichter, editora do site de aconselhamento SmarterTravel, diz que, apesar das manchetes recentes, este tipo de incidente é raro – e os seus conselhos são bem mais relaxados, como, por exemplo, estar mais preocupado com percevejos e bichos afins do que com aparelhos eletrónicos escondidos. E que, não sabendo se há câmaras ali, se deve sempre esperar o melhor – não deixando que aquele se torne o fator decisivo ao escolher um lugar onde ficar, nem que isso afete a capacidade de relaxar no quarto e disfrutar das férias.
“Se estiver preocupado, verifique o quarto quando chegar. Se encontrar alguma câmara, informe o hotel ou site de reservas e procure novas acomodações. Caso contrário, não há muito a fazer.”
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