Nasceu em 2001 na Ilha de Antigua, nas Caraíbas, e logo lhe foi diagnostificada uma paralisia cerebral. Quando Aaron Philip tinha três anos, a família mudou-se para os Estados Unidos em busca de melhores condições médicas. Contudo há sete anos atrás foi obrigada a mudar-se para um refúgio de sem-abrigo, onde se manteve durante cerca de dois anos devido às dificuldades financeiras que surgiram associadas aos tratamentos médicos dispendiosos.
Apesar de todas as dificuldades, Aaron sempre manteve uma visão positiva, como descreve no livro de memórias que publicou aos 14 anos “This Kid Can Fly: It’s About Ability NOT Disability”. Foi também nesse ano, 2016, que revelou que era genderfluid (género não-binário). Em entrevista à Vice, Aaron recorda que “a reação dos pais não foi muito agradável”. Atualmente a viver no Bronx, Nova Iorque, a modelo revela que estes “ainda estão a ajustar-se e a aprender mas estão bastante orgulhosos”.
Com uma presença bastante assídua e popular nas redes sociais, foi através do Twitter e do Instagram que adquiriu notoriedade e projeção que resultam agora em dezenas de milhares de seguidores. Um sucesso que, de resto, já tinha previsto num tweet de novembro de 2017.
Em setembro de 2018, tornou-se a primeira negra, transexual e deficiente a assinar por uma agência de modelos de elite, a Elite Model Management.
“A indústria da moda apenas conhecia um tipo de corpo e um tipo de figura comerciável durante muito tempo”, explicou à CNN Style, “mas agora estamos a entrar num tempo e num clima em que todos os corpos devem ser não apenas celebrados mas admirados”.
A sua ambição pelo mundo da moda surgiu em 2015, quando viu a controversa capa da Interview, onde Kylie Jenner aparecia numa cadeira de rodas. “Quando era mais nova fiquei excitada pela imagem e representação [das pessoas deficientes]. Mas não sabia como o interpretar porque não percebi como ela utilizou a cadeira de rodas para nos fetichizar”, contou numa entrevista em maio de 2018 ao blog THEM, que se especializa em assuntos LGBTQ. “[Mais tarde] pensei: Onde estão as pessoas com deficiências em cadeiras de rodas nesta sessão fotográfica?”.
A jovem então decidiu que transformar a sua imagem em algo positivo: “Pessoalmente, quero ser uma modelo bem sucedida e aclamada de forma a desconstruir todos os estigmas negativos que cercam a comunidade e espaços do qual faço parte – sendo eu negra, deficiente e transexual”, contou numa entrevista à Paper Magazine.
Nessa mesma entrevista, quando questionada sobre quais são os seus objetivos para o futuro Aaron confessou que para além de modelo, planeia ir para a faculdade e tirar um curso de Belas-Artes, Psicologia ou Orientação. “Continuar a conhecer mais sobre o lado emocional e mental da humanidade é algo que eu adorava. Também planeio continuar o meu trabalho na escrita, arte digital e fotografia.” Concluiu a entrevista em tom descontraido e humilde: “Quero aproveitar o liceu e ser a melhor que conseguir ser na minha vida de modelo e de adolescente.”