Até há pouco tempo, era um entre muitos outros adolescentes a frequentar o Ensino Secundário, no concelho de Oeiras. Depois havia o skateboarding, o gosto pela música e as saídas com amigos, em Lisboa. Assim eram passados os dias de Joaquim Arnell, o miúdo que queria ser arquiteto – “fascinava-me o facto de poder concretizar a minha visão numa paisagem” – e que não passava despercebido, pelo seu rosto invulgar, a expressão suave, o cabelo volumoso ou a altura impactante, a puxar aos dois metros: no seu perfil, no site da We Are Models, constam 1,86 metros.
Quando foi descoberto pelo diretor da agência que o representa há três anos, Joaquim ainda não tinha atingido a maioridade. Desde então, a vida do rapaz com mãe cabo-verdiana e pai sueco mudou por completo, com a ascensão no mundo da moda. A estrela emergente é hoje acarinhada por criadores internacionais e marcas como a Prada e a Fendi, e, em junho, fez furor como protagonista na Semana da Moda de Milão. Ainda que o seu percurso profissional tenha passado também por Paris, Londres e Nova Iorque, Itália constitui um marco decisivo na sua carreira: “A campanha Prada FW17, que fiz em exclusivo, bem como as Fendi e Coach FW18, deram-me a possibilidade de trabalhar com equipas fantásticas. Aprendi bastante.”

No portefólio do manequim, que se iniciou na ModaLisboa há três anos, destacam-se ainda as colaborações com Dolce & Gabbana, Adidas Y-3 e J.W. Anderson. Porém, o sabor da fama não perturba nem deslumbra o jovem que prefere o campo à cidade e continua a marcar pontos no competitivo meio da alta costura e dos média. O segredo para não se perder, conforme diz, passa por valorizar “a personalidade e o profissionalismo”, além das características físicas, e “usar a visibilidade para influenciar positivamente” quem acompanha o seu trajeto, desde empregadores a amigos e fãs.
A natureza como refúgio
No passado mês de julho, o rosto de Joaquim fez capa na Portuguese Soul, revista da associação dos industriais portugueses de calçado, que circula em mais de uma centena de países, com o objetivo de promover o calçado e a moda do nosso país. Atualmente a residir em Lisboa, o manequim não para de viajar, sobretudo após o seu nome ter alcançado uma projeção internacional. “Apesar do meu trabalho, não me identifico muito com o ambiente urbano”, confessa, quando se lhe pergunta o que faz nos tempos livres.
“Considero o mundo a minha casa”, assegura à VISÃO, grato pelo rumo que a sua vida tomou e por ter contado, desde o início do seu percurso, com o apoio incondicional dos pais. “O facto de viver com duas pessoas de culturas tão distintas faz-me compreender a importância de explorar e conhecer realidades diferentes da minha”, acrescenta. Esse foi o ponto de partida para crescer como pessoa e dar-se conta daquilo que o diferencia (“a singularidade e a autenticidade”) e faz dele uma figura cativante aos olhos dos outros, no seu país de origem e no mundo.
E o que é feito do miúdo, do rapaz singular e com uma aparência exótica que gostava de desfrutar dos tempos livres com os amigos do liceu? O expectável é que algo tenha mudado, mas não completamente: “Gosto de estar em casa, a desenhar e a tocar piano ou guitarra, mas tenho ocasiões em que passear no campo e explorar a Natureza me tranquiliza bastante.”