A poluição do ar faz mal à saúde, já se sabe: poluentes como as partículas finas PM2.5, emitidas, por exemplo, pelo fumo dos automóveis, podem atingir os pulmões e o sistema cardiovascular e provocar problemas respiratórios e cardiovasculares graves. Mas, sabe-se agora, os seus efeitos podem começar mesmo antes do nascimento.
Estas são as conclusões de uma investigação recente, da Universidade de Johns Hopkins, em Maryland, EUA, que diz que bebés expostos a esta poluição atmosférica, ainda que indireta, entre o sexto e o nono mês de gravidez, têm mais 61% de probabilidade de virem a ter tensão alta, ao longo da infância.
O estudo, publicado na revista científica Hypertension, da Associação Americana do Coração, analisou mais de 1200 mulheres grávidas e os seus filhos. Foi medida a pressão arterial das crianças, desde os três aos nove anos e a pressão arterial sistólica, denominada, normalmente, por pressão máxima, foi considerada elevada se fosse 10% mais alta do que os valores que se observavam, a partir de uma base de dados nacional, em crianças com as mesmas idades.
Em relação ao meio ambiente, a poluição do ar foi medida a partir da observação das moradas das mães e da leitura das estações de qualidade do ar mais próximas aos locais de habitação das grávidas, para se fazer uma estimativa da exposição ao ar poluído durante cada um dos trimestres da gravidez.
Neste estudo, outros tipo de fatores foram tidos em conta pelos investigadores, que defendem que o peso com que os bebés nascem e o facto de mulheres grávidas fumarem influencia os valores da tensão arterial nas crianças.
Investigações anteriores já tinham dado conta de que a poluição do ar influenciava o peso do bebé no momento do nascimento, caso fosse exposto a essa poluição durante o terceiro trimestre de gravidez: quanto maior fosse a exposição à poluição atmosférica, menor era o peso do bebé. Mas esta nova investigação prova que a exposição à poluição atmosférica está relacionada com a hipertensão, independentemente do peso do bebé quando nasce.
“Este é um dos primeiros estudos que prova que respirar ar poluído durante a gravidez pode influenciar negativamente a saúde cardiovascular do feto, que se vai manifestar durante a infância”, conta Noel Mueller, professor de epidemiologia, ao Daily Mail. Isto porque, segundo o professor, a tensão arterial elevada durante a infância leva, muitas vezes, a que este problema se prolongue durante a vida adulta. “E a hipertensão é a principal causa das doenças cardiovasculares”, afirma.
Noel Mueller alerta, ainda, para a importância de “reduzir as emissões das partículas finas PM2.5 para o meio ambiente” já que a poluição do ar consegue atravessar a barreira placentária e afetar de forma muito negativa o crescimento do feto”.