À medida que os dias vão ficando mais quentes cresce a utilização do ar condicionado. Por sua vez, o ar condicionado aquece a temperatura exterior e, assim, mais pessoas vão recorrer à compra de novos aparelhos.
Parece uma daquelas imagens em que o cão anda à volta da própria cauda, mas é isso mesmo que está a acontecer.
Um relatório publicado hoje pela Agência Internacional de Energia (AIE) avisa que o ar condicionado vai um dos principais focos de preocupação quando se fala na luta contra as alterações climáticas.
Estima-se que existam, atualmente, cerca de 1,5 mil milhões de aparelhos de ar condicionado, e prevê-se que esse número cresça para 5,6 mil milhões em 2015, segundo a AIE. Com esse número, só o ar condicionado consumiria tanta eletricidade como todo a China necessita, hoje, por dia.
As emissões de gases do efeito estufa libertadas pela indústria quase duplicariam – de 1,25 mill milhões de toneladas para 2,28 mil milhões de toneladas – para alimentar tantos aparelhos e isso contribuiria para o aquecimento global e para a procura de mais… ar condicionado.
Os EUA e o Japão, com a China a crescer neste campeonato, concentram o maior número destes eletrodomésticos. O receio da AIE é que outros países sigam o exemplo dos americanos, com 90% das casas equipadas.
“Quando olhamos, de facto, para países quentes em África, na Ásia, América Latina e Médio Oriente, onde vivem 2,8 mil milhões de pessoas, vemos que apenas 8% da população tem ar condicionado”, referiu Faith Birol, diretora-executiva da AIE, ao jornal The New York Times.
À medida que a qualidade de vida e o crescimento económico vai melhorando nalguns países, mais aparelhos vão sendo comprados. O relatório prevê que a Índia, China e Indonésia serão os próximos compradores em larga escala.
Uma das questões para o aumento da procura é, também, o que temos em casa. Frigoríficos máquinas de lavar loiça e roupa, computadores, televisões, tablets. Todos contribuem para que a habitação fique mais quente e necessite de ser arrefecida.
Quando ligamos o ar condicionado, o ar quente é expelido para fora, isso quer dizer que estamos a aquecer a vizinhança que, também, vai precisar de comprar um para arrefecer a sua casa.
Outra das conclusões do relatório tem a ver com a eficiência energética dos próprios aparelhos. Os que se vendem na Europa e Japão tendem a ser 25% melhores, consomem menos energia, do que os dos EUA e China. Por isso, é apontado o dedo para que os fabricantes se dediquem as mais investigações para melhorar a performance das suas marcas.