Entre espécies e subespécies, existem mais de 40 tipos de bactérias Estafilococos. No entanto, uma delas – a Estafilococos Epidermidis – destaca-se das demais pelas melhores razões: encontra-se naturalmente presente na pele humana e consegue, segundo um novo estudo, prevenir o crescimento de tumores.
Investigadores da University of California San Diego (UCSD) estavam a tentar perceber se conseguiam combater outras bactérias más para saúde com a ajuda de estirpes inofensivas de Estafilococos, quando, por acidente, se depararam com os resultados contra o cancro.
Então, expuseram ratos de laboratório com cancro de pele à bactéria e descobriram que esta produz uma molécula que impede o crescimento desse tipo de cancro.
“Estávamos à procura de químicos que conseguissem matar bactérias como a SARM, e acidentalmente descobrimos uma atividade anti-tumor”, relata Richard Gallo, presidente do departamento de dermatologia da UCSD e principal autor do estudo, ao Daily Mail.
Os ratos foram expostos a dois tipos de Estafilococos epidermidis: um tipo comum e uma variante que produzia a molécula 6-N-hidroxiaminopurina (6-HAP).
Os ratos expostos à variante produtora de 6-HAP ficaram com muito menos tumores que aqueles expostos à estirpe comum da bactéria. De acordo com Gallo, o 6-HAP previne o crescimento de tumores ao inibir a réplica e multiplicação do seu ADN.
“Esta estirpe única de bactérias cutâneas produz um químico que mata vários tipos de células cancerígenas, mas não aparenta ser tóxico para células normais”, explica Gallo.
Os investigadores identificaram o 6-HAP quando testavam o efeito da Estafilococos contra um outro patogénico, o Estreptococos, responsável por infeções como faringite estreptocócica, celulite ou fasciíte necrótica (também conhecida como “síndrome das bactérias comedoras de carne”).
Depois de confirmarem que o 6-HAP conseguia, de facto, eliminar esta bactéria, os cientistas testaram a hipótese de a molécula conseguir também eliminar células cancerígenas. Ao examinarem mais de 10 mil estirpes de Estafilococos epidermidis, encontraram duas específicas que produziam a molécula.
Gallo acredita ser necessária mais investigação neste campo antes de ser posta a possibilidade de tratar ou controlar o cancro da pele com recurso a Estafilococos epidermidis. No entanto, parece-lhe uma ideia “muito promissora, devido à segurança de utilizar bactérias normais encontradas na pele humana”