As imagens mentais são representações feitas pelo nosso cérebro quando tentamos imaginar qualquer coisa. São recriadas de acordo com a história ou o contexto em que estamos inseridos e desempenham um papel na forma como nos comportamos, sentimos e pensamos. Ao pensar noutro idioma que não a língua materna, esta capacidade de imaginação é afetada, segundo o estudo. “Ao longo dos últimos anos, tem havido provas de que o uso de uma língua estrangeira afeta muitos aspectos da nossa vida, que vão desde a resposta emocional até ao ato de tomar decisões”, destacam os psicólogos Hayakawa e Keysar, da universidade norte-americana.
Para verificar se as imagens mentais se tornam menos vívidas numa outra língua, os pesquisadores reuniram 359 participantes que tinham o inglês como idioma nativo e que também eram fluentes em espanhol. Foi-lhes pedido que imaginassem 35 experiências diferentes, incluindo o sabor de alguns alimentos e a apreciação de certas paisagens. Os participantes foram divididos em dois grupos e tinham de descrever o quão nítidas estas imagens eram – metade deveria responder em inglês e a outra metade em espanhol.
No geral, os indivíduos que responderam no seu segundo idioma relataram simulações menos claras do que aqueles que o fizeram na sua língua materna. Só em duas categorias as imagens mentais apresentaram-se mais vivas quando os participantes foram convidados a falar delas em espanhol: as gustativas e as olfativas, o que pode ser explicado pela riqueza de sabores da comida espanhola.
Um segundo teste foi realizado para validar a investigação. Neste, os pesquisadores mostraram três palavras diferentes (cenoura, caneta e cogumelo) a outras 307 pessoas, falantes nativos de mandarim e que tinham o inglês como segundo idioma. Os participantes tinham que responder qual destes elementos tinha uma forma mais diferente dos outros (o que pressupõe que os imaginavam). Mais uma vez, o grupo que recebeu as palavras na sua língua materna apresentou um melhor desempenho na tarefa do que os que responderam em inglês. Uma nova tareda foi atribuída aos mesmos participantes, mas, desta vez, com as imagens dos items em vez das palavras e o resultado manteve-se igual.
Não se sabe ao certo por que razão as imagens mentais se tornam menos vívidas quando pensamos numa língua estrangeira, mas os investigadores sugerem que, ao usar a imaginação, baseamo-nos em experiências passadas durante as quais, provavelmente, usámos a nossa língua nativa, o que dificulta usar esta memória de forma eficiente ao pensar num segundo idioma.