A multinacional de serviços tecnológicos Claranet alertou esta sexta-feira que as empresas de telecomunicações são o principal alvo do ataque informático “de grandes dimensões” que está em curso à escala internacional.
“Alertamos para o facto de estar em curso um ciber-ataque de grandes dimensões, dirigido principalmente a empresas de comunicações mas também com outros alvos em vista”, refere a informação enviada pela Claranet aos clientes, a que a Lusa teve acesso.
A Claranet – empresa fundada no Reino Unido e que opera em vários países europeus – diz que “ainda não está completamente apurado o vetor de ataque”, podendo o vírus (‘malware’) ter várias origens, e pede que haja “atenção redobrada” na navegação pela Internet e abertura de anexos de correio eletrónico bem como a comportamentos “anómalos” dos equipamentos, que deverão ser encerrados de imediato.
O Governo espanhol confirmou que são várias as empresas do país alvo de um ataque informático, depois de a multinacional Telefónica ter sido obrigada a desligar os computadores da sua sede central em Madrid.
O Ministério da Energia espanhol informou, através de um comunicado, que “está a trabalhar com as empresas do país” afetadas por ataques de cibernautas “com o objetivo de solucionar quanto antes o incidente”.
“O ataque afetou pontualmente equipamentos informáticos de trabalhadores de várias empresas”, afirma o Ministério, acrescentando que o vírus informático não afeta “nem a prestação de serviços, nem a operação em rede, nem os utilizadores dos ditos serviços”.
O software nocivo é do tipo “ramsonware” que atua tirando partido da vulnerabilidade dos programas mais utilizados nos escritórios.
Depois de se instalar no equipamento, bloqueia o acesso aos ficheiros do computador afetado e pede um resgate em dinheiro, informa o Ministério da Justiça, assegurando que “não compromete a segurança dos dados”.
A multinacional espanhola de telecomunicações Telefónica foi a primeira empresa a sofrer o ataque informático, tendo sido obrigada a desligar os computadores da sua sede central em Madrid, depois de detetar um vírus que bloqueou alguns equipamentos.
Vários computadores da empresa ficaram bloqueados com o monitor azul e uma mensagem a pedir o pagamento de uma quantia em ‘bitcoins’, uma moeda virtual desenvolvida fora do controlo de qualquer Governo.
O alegado ataque informático não atingiu os sistemas que controlam os serviços de internet, telefone fixo ou telemóveis da Telefónica dos mais de 15 milhões de clientes em Espanha, asseguraram fontes da empresa.
Entretanto, esta tarde, a Portugal Telecom também alertou os seus clientes de que há um vírus perigoso a circular na Internet, pedindo aos utilizadores que tenham cautela na navegação na rede e na abertura de anexos recebidos por correio eletrónico.
EDP corta acesso à Internet prevenir ataque
“Tendo em conta o ataque massivo que está a acontecer nas organizações na península ibérica, a EDP […] decidiu cortar os acessos à Internet na sua rede, como medida preventiva, não tendo ainda registo de incidentes no parque informático da sua organização”, disse à Lusa fonte oficial.
A empresa de eletricidade afirmou que tomou esta decisão em coordenação com a Polícia Judiciária e o Centro Nacional de Cibersegurança (CERT), organismo do Governo.
Hospitais britânicos com problemas técnicos devido a aparente ciberataque
Hospitais do serviço nacional de saúde do Reino Unido relataram estar a sofrer importantes problemas informáticos em consequência do aparente ciberataque à escala nacional.
Segundo a BBC, os problemas foram detetados em hospitais de Londres, Blackburn, Cumbria e Hertfordshire, noroeste de Inglaterra.
Os hospitais pediram aos utentes que apenas se desloquem às unidades de saúde em caso de urgência.
Em alguns casos, os sistemas informáticos e telefónicos deixaram completamente de funcionar e os médicos estão limitados a papel e caneta, segundo a BBC, que cita um jornal local de Blackpool.
“Na sequência de um presumível ciberataque nacional, estamos a tomar todas as medidas de precaução possíveis para proteger os nossos sistemas e serviços”, escreveu no Twitter a NHS Meyerside, que gere vários hospitais do noroeste de Inglaterra.