A jovem de 17 anos que faleceu com sarampo durante a madrugada desta quarta-feira estava internada com um quadro de mononucleose, também conhecida como doença do beijo. Esta doença causada pelo vírus de Epstein-Barr baixa fortemente as defesas do organismo ao afetar os linfócitos B e agrava o quadro clínico no caso de um contágio com outra doença viral. De acordo com a unidade hospitalar, a jovem faleceu “na sequência de uma situação clínica infecciosa com pneumonia bilateral – sarampo”.
Como explica a VISÃO no tema de capa desta semana sobre o sarampo, amanhã nas bancas, a jovem não tinha recebido qualquer dose de vacinas tríplice. Na informação que a família prestou ao Hospital de Cascais, onde a jovem estava internada e onde foi infectada por um bebé de 13 meses também não vacinado, em criança terá sofrido um choque anafilático com a vacina dos dois meses e a partir daí não recebeu qualquer outra imunização, tal como a outra filha do casal. A primeira dose da vacina contra o sarampo é ministrada aos 12 meses, com uma segunda dose aos 5 anos.
O agravamento do estado de saúde da jovem levou à transferência, no fim de semana, para a Estefânia para estar em quarto isolado e com pressão negativa. A jovem fazia parte do grupo de seis pessoas contaminadas no Hospital de Cascais, dois deles pediatras e três enfermeiros.
Choque anafilático impede vacinação posterior?
Os sintomas de um choque anafilático (uma reação alérgica muito grave) são bastante assustadores – dificuldade em respirar, inchaço na boca, olhos e nariz, suores intensos. Segundo a história contada pelos pais, a partir daí, terão decidido deixar de vacinar a filha.
Luís Varandas, pediatra e coordenador da Comissão de Vacinas Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), explica que mesmo após uma reação deste género não há necessidade de deixar de se vacinar uma criança. “Compreendo o receio dos pais em vacinar uma criança após uma reação desta gravidade”, admite o médido. Mas avança que mesmo assim é possível manter o plano vacinal com segurança. “As vacinas podem passar a ser feitas em ambiente hospitalar, de forma a que seja vigiado e controlado o efeito das mesmas na criança.”
Só desde Janeiro foram identificados pela Organização Mundial de Saúde 500 casos de sarampo na Europa, situação que está a preocupar as autoridades.