Para a Organização Mundial de Saúde, o método contracetivo criado por uma startup indiana, conhecido como a “pílula masculina”, embora não se trate de um comprimido, ajudaria 225 milhões de mulheres dos países em desenvolvimento, cujas necessidades de contraceção estão longe de estarem satisfeitas.
Os resultados de anos de testes em humanos mostraram, até agora, que o produto injetável é seguro, eficaz e fácil de usar. Nos países mais pobres, o tratamento, reversível, poderia custar cerca de 10 dólares, mantendo a capacidade de evitar uma gravidez indesejada durante vários anos. Trata-se de um gel que, uma vez injetado nos vasos que transportam o esperma no escroto, afeta a cabeça e a cauda dos espermatozoides, deixando-os incapazes de fertilizar um óvulo até que uma segunda injeção reverta o processo.
Segundo a última estimativa, o mercado dos contracetivos femininos vale atualmente 10 mil milhões de dólares (cerca de 9,3 mil milhões de euros), com um novo método anticoncecional masculino a poder conquistar metade desse valor. Porquê então o pouco interesse das grandes companhias farmacêuticas?
Herjan Coelingh Bennink, professor e ginecologista, avança uma explicação, à Bloomberg: “O facto de as grandes empresas serem dirigidas por homens brancos de meia-idade que partilham o mesmo sentimento – de que eles nunca comprariam este contracetivo – desempenha um papel enorme.”
“Se essas empresas fossem dirigidas por mulheres, seria completamente diferente”, acredita Bennink, que desenvolveu o Implanon e a Cerazette, enquanto diretor de investigação e desenvolvimento sobre a saúde da mulher da Organon International de 1987 a 2000.
Até agora, 540 homens indianos submeteram-se ao tratamento que, 13 anos depois da injeção, continua a revelar-se eficaz.