Greg Hager é especialista em ciência computacional da Universidade de John Hopkins, nos EUA, e não poupa palavras para condenar as muitas aplicações de ftiness usadas para contar passos.
“Muito poucas” das cerca de 165 mil apps dedicadas à saúde têm, na realidade, qualquer base científica, denunciou o cientista, na reunião anual da American Association for the Advancement of Science (AAAS), em Boston. No entanto, estas aplicações já contam mais de mil milhões de downloads. Deste bolo, Hager destaca as que encorajam as pessoas a atingir os 10 mil passos por dia.
“Mas porque é que é importante dar 10 mil passos? O que há de tão importante nos 10 mil?”, questionou, perante a plateia, antes de explicar que o número remonta a 1960, quando se concluiu que quando os japoneses andavam 10 mil passos por dia queimavam cerca de 3 mil calorias, o que se estimava ser o consumo médio diário. “Mas qual é o número certo para qualquer um de vocês aqui nesta sala? Quem sabe?”, lançou.
“Acredito que as aplicações [de saúde] podem mesmo estar a fazer mais mal que bem. Tenho a certeza que estas aplicações estão a causar problemas”, afirmou o especialista.
“Sem qualquer base científica, como é que alguém sabe qual destas aplicações é boa para si? Até podem ser prejudiciais. Os 10 mil passos representam o problema em vários sentidos. Todos sabemos que provavelmente quando mais exercício fizer, melhor. Mas se for idoso ou fraco, isto não vai ser bom para si”, concluiu.