Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa (proprietário da VISÃO, SIC e Expresso), defendeu ontem, perante uma plateia de empresários, que o seu grupo vai continuar a apostar no papel, ao mesmo tempo que se preocupará em antecipar e acompanhar a evolução em todas as outras plataformas digitais. O sucessor de Pedro Norton e filho de Francisco Pinto Balsemão falava sobre “A evolução e o posicionamento dos media num mundo cada vez mais global” num almoço conferência da Associação Comercial do Porto, que teve lugar no Palácio da Bolsa.
“Discordo dos que dizem que determinado meio vai acabar e penso que todos podem coexistir, desde que se adaptem”, defendeu. “Sinto-me novo e gosto muito do papel. O que é preciso é que haja um equilíbrio entre todas as plataformas.” Ou não tivesse ele crescido num ambiente rodeado de jornais, fator a que atribuiu a herança do mesmo ADN que levou o seu pai a criar, em 1973, o jornal Expresso.
Afirmou, no entanto, ter a consciência de que “o futuro e o presente é digital” e de que “a cedência dos conteúdos grátis não voltará atrás”. Daí que a prioridade das suas apostas nesta área sejam os “conteúdos audiovisuais, melhorar a forma de acesso do utilizador e tornar a publicidade mais eficaz”. Depois, é seu entendimento que “competirá às empresas melhorar os seus modelos e receitas de negócios”, sendo “a exportação de conteúdos” uma das saídas. Estabelecer “parcerias com players internacionais” e “não estar tão dependente dos distribuidores” será outro dos objetivos.
Outra das ideias fundamentais de Francisco Pedro Balsemão foi desfazer a distinção entre meios tradicionais e novos media. Ele prefere distinguir media bons e maus. E por bons entende “os que forem economicamente independentes”, capazes de gerarem “lucros para reinvestir”. Caso contrário, “potencia-se a entrada de players estrangeiros que, no médio e longo prazo, destruirão” as empresas. Já os media maus serão “os que fogem às suas responsabilidades”. E aqui, os gigantes internacionais como o Google e o FaceBook “têm feitio parte do problema”.
“A culpa do estado das coisas também é nossa, e minha, que não temos sabido distanciar-nos das redes sociais”, disse, deixando um apelo à audiência, para que leia, reflita e discuta, que saia da sua “zona de conforto” e da sua “roda de amigos”, de modo a confrontar ideias e “continuar a pensar livremente, recorrendo a fontes fidedignas”, assim contribuindo para a solidez da democracia.