O nome de quem se fala é Laura Wasser. O sucesso da sua carreira é tal que em 2013 lançou um livro bastante elucidativo: “Não tem de ser dessa forma: como ultrapassar um divórcio sem destruir a sua carreira e a conta bancária”. Pragmática e pouco apologista de polémicas melodramáticas, a advogada é conhecida por preparar com eficácia os pedidos de divórcio que lhe passam pelas mãos. Desta vez não deverá ser diferente – qualquer separação, já o assumiu, é um negócio de transação. “Digo sempre: vamos fazer isto de forma a manter a vossa sanidade mental e conta bancária intactas.” Claro que a estratégia serve também os interesses da própria, que cobra cerca de 750 euros, exige à cabeça um contrato garantia de quase 25 mil euros e raramente representa quem tem menos de 10 milhões na conta bancária. O truque mais conhecido é, claro, a antecipação, daí aconselhar os clientes a esperar sempre pela altura certa, antes de avançarem judicialmente. “Acontece tudo de forma muito rápida”, justifica. “Quando os papéis estão prontos, sabemos que numa hora vão aparecer no TMZ”, referindo-se ao conhecido site de celebridades.
Desde que a decisão de Angelina Jolie foi anunciada, dia 19, não param de surgir eventuais explicações. Haveria as habituais “diferenças irreconciliáveis”, segundo revelou inicialmente o seu representante artístico Robert Offer, adiantando apenas que a sua cliente queria a custódia dos filhos. Ainda não se sabia que Angelina recorrera também a Laura Wasser – e desta estratégia montada, em várias frentes, para que, à vista, o processo pendesse o mais possível a seu favor. Em poucos dias tornou-se claro: num ápice, aquele que era o homem perfeito passou a ser um mero viciado em erva e álcool, um marido distante e infiel, um pai violento. Ao mesmo tempo, Angelina e os seis filhos transformavam-se vítimas de alguém emocionalmente instável e com comportamento perigoso. Angelina não parece disposta a perder a aura dourada que conquistou e está a gerir o caso com mestria.
Em nome da saúde da família
A primeira culpada, ou a quem se atirou a primeira pedra, foi Marion Cotillard, que contracena com Brad Pitt no filme Allied, a ser lançado em breve. A sinopse conta-se em duas linhas: um casal de assassinos que se envolve amorosamente. E o mundo pensou: “Onde já vimos isto?” Gravidíssima, a francesa lá veio desmentir o caso, aproveitando para anunciar que espera o segundo filho do marido Guillaume Canet, com quem forma, curiosamente, uma espécie de Brangelina na versão gaulesa. Mas Angelina, também consta, tudo fez para que o rumor se desfizesse – sabia que abonava pouco a seu favor, afinal em tempos fora ela a outra.
Logo a seguir constou que a razão não era outra se não que Brad é mau pai – e a gota de água fora uma agressão ao filho mais velho, Maddox, de 15 anos, durante uma viagem de avião. A polícia lá teve de vir desmentir que esteja a investigar quaisquer maus-tratos de Pitt aos filhos. Como a imprensa da especialidade também não descansou à procura de algo que mantivesse o caso aceso, logo surgiu a hipótese do consumo excessivo de álcool e drogas. Alegava o site de celebridades TMZ que, em 2005, tinha sido o próprio Brad a confessar que só abandonara esses excessos em nome da família, numa espécie de epifania: tinha quase 40 anos e sentia que andava a desperdiçar a vida. Então se Angelina alegara o divórcio em nome “da saúde da família”, ora era fazer as contas…
E enquanto o mundo andava entretido nesta matemática, continuavam a circular imagens animadas de uma muito sorridente Jennifer Anniston, a atriz que era casada com Brad quando ele conheceu Angelina – o cúmulo foi mesmo ter enchido a capa do New York Post acompanhada apenas da inscrição “Brangelina, 2004/2016”.
Solteiros e cobiçados?
Brangelina, traduza-se, foi o cognome inventado pela revista People que assim transformou duas superstars numa única. Desde então ganhou vida própria, ao servir até para classificar outros casais com o mesmo estilo de vida. A Slate comparou-os a Adão e Eva ou a Marco António e Cleópatra mas diríamos que foram bem mais longe: em conjunto, nestes 12 anos, Pitt e Jolie ganharam perto de 500 milhões de euros. Há pouco mais de três anos, cimentaram o respeito do mundo com a carta aberta de Angelina, publicada no New York Times, em que ela contava a decisão de se submeter a uma dupla mastectomia, tornando-se assim um exemplo para muitas mulheres.
Tudo sempre com o apoio dele – ele que, desde o anúncio do divórcio, se disse apenas triste, pedindo respeito pela privacidade das crianças. A ajudar essa imagem, logo voltou a circular também a carta que ele lhe dedicou há um par de anos, quando se carimbou a magreza extrema dela como sinal de anorexia: “Está doente, magríssima, mal dorme. Achei que ia acabar mal até que decidi agir: afinal ela é o ideal de beleza para pelo menos metade dos homens e das mulheres de todo o mundo. Passei a levar-lhe flores, a enchê-la de beijos e outros carinhos. A surpreendê-la a todo o momento.” A veracidade destas palavras nunca foi, no entanto, confirmada.
Seguiram-se as supostas declarações dos ex. E se a Anniston atribuíram um mais que esperado “É o karma”, já Billy Bob Thornton, ex de Angelina, consta que não resistiu a ser bem mais mordaz: “isto de querer salvar o mundo é muito bonito, mas há dias em que um homem só quer ver o seu futebol e beber a sua cerveja.”
No entretanto, dizem os mentideros, Angelina procura consolar-se junto de Johnny Depp, outro dos recentes solteiros de Hollywood, Já Pitt, que é a mais recente entrada nessa lista de atores sem compromisso sério, tornou-se o novo alvo de quem gere marcas e afins. Os primeiros a dar sinal foram os museus de cera ao anunciarem que ele já não estava junto da sua até agora mais querida. Já os mais originais foram os criativos das linhas aéreas norueguesas. No anúncio sobre as viagens a preço de saldo para os Estados Unidos, acrescentaram apenas a frase: “Brad está livre.”
(Des)amores à moda de Hollywood
Confira aqui como foram outros divórcios milionários
Frank Sinatra e Ava Gardner
O cantor deixou a mulher quando conheceu a atriz que muitos classificaram a mais bonita do mundo. Casados durante seis anos, o casal tinha uma relação muito tempestuosa, ensombrada pelos ciúmes dele – chegou mesmo a dizer-se que se tentou matar ao saber que ela estava com outro homem. Casaram em 1951, numa união que duraria apenas dois anos – o divórcio saiu em 1957.
Elizabeth Taylor e Richard Burton
Também se conheceram na rodagem de um filme (Cleópatra) adotaram uma filha juntos, e Burton tornou-se até pai da filha que Taylor teve numa relação anterior. Ainda assim, foi uma relação muito marcada pelo alcoolismo e pela incerteza: afinal, eles casaram–se e separaram-se duas vezes. O primeiro casamento foi em 1964 e terminou em divórcio em 1973. O segundo foi em 1975 e acabou um ano depois.
Bruce Willis e Demi Moore
Foram o casal de ouro dos anos 1990. Juntos durante 13 anos, tiveram três filhas, antes do divórcio, no ano 2000. Serão dos poucos antigos casais de estrelas a manter uma boa relação: “Quando me separei do pai das minhas filhas, o grande impacto foi na vida delas”, assumiu Demi. Ficaram tão amigos que Bruce esteve no casamento de Moore com Ashton Kutcher, entretanto também divorciados.
Tom Cruise e Nicole Kidman
“Era uma criança quando casei com Tom, mas não me arrependo”, disse Nicole, no ano passado. Os dois estiveram casados durante uma década, adotaram duas crianças, e coprotagonizaram os filmes Um sonho distante e De olhos bem fechados, depois de se terem conhecido na rodagem de Dias de Tempestade, em 1990. Em 2001, ano do divórcio de Kidman, Tom protagonizava Vanilla Sky ao lado da espanhola Penélope Cruz – com quem acabou por se envolver e namorar durante três anos.