Sindicatos e comissão de utentes há muto que vinham avisando: os despedimentos em massa, e o desinvestimento do anterior governo, nos últimos cinco anos, trariam consequências desastrosas. Elas estão aí agora: menos comboios a circular, menos pessoal operacional, muitos maquinistas em estado de esgotamento, de baixa, depois de lhes terem sido negadas férias, estações ao abandono, escadas rolantes avariadas, menos postos de venda de bilhetes, atrasos inconcebíveis nos comboios que não são, de todo, compatíveis com um serviço público prestado a uma capital europeia. Ainda há dias, num encontro literário, o escritor Gonçalo M Tavares, classificou como “ultrajante” a forma como estão a ser tratados os passageiros no Metropolitano de Lisboa
Se por um lado se apela à utilização do transporte público nas grandes cidades, por outro, os passageiros são afugentados pelas condições intoleráveis que lhes são oferecidas.
Confrontado com as críticas, o Metropolitano de Lisboa explica que “o modelo de gestão adotado nos últimos anos nas empresas de transporte público em Lisboa, nomeadamente no Metropolitano de Lisboa, estava orientado para uma sustentabilidade unicamente financeira, com vista a serem entregues em mercado, num regime de subconcessão”. Ou seja, a ideia do anterior governo parecia ser degradar para privatizar.
Neste momento, há um plano de inversão desta tendência e de contratação de pessoal.
“O atual Conselho de Administração, em consonância com a visão estratégica do atual Governo para o setor dos transportes públicos, iniciou um processo de reversão do modelo de gestão existente, projetando novamente um paradigma de sustentabilidade global que permita assegurar os fundamentos de uma mobilidade urbana servida por um transporte público de grande abrangência, utilidade e qualidade”, garante.
Desde 2010, o Metropolitano registou uma redução de recursos humanos de cerca de 300 pessoas, ao mesmo tempo que, alargou a sua rede até ao Aeroporto e à Reboleira. Dada a limitação de recursos, sempre que se registam fatores inesperados, ou mesmo períodos de férias de colaboradores, geram-se situações de grande transtorno para os passageiros, que se devem às “supressões esporádicas de serviços programados”.
No que respeita à frota, está, neste momento, programado um plano de manutenção, para recuperar os níveis de eficiência e rapidez. Desanove das 111 carruagens de que o Metropolitano dispõe estão em manutenção.
Também prevendo falhas nas entregas de encomendas de Cartões VIVA Viagem, utilizadas nas máquinas de venda automática, o Conselho de Administração garante que “procurou encontrar soluções para minimizar os impactos para o Cliente”: foram colocados em funcionamento, em todas as estações do Metropolitano de Lisboa, postos de venda assistidos de títulos ocasionais, mantendo-se as máquinas de venda automática operacionais para as restantes funcionalidades, em especial o recarregamento de títulos. O Metro lembra, porém, que os clientes que necessitam de adquirir este tipo de bilhetes representam menos de 10% dos passageiros diários. Setenta por cento recorre à utilização de passes e 20% ao recarregamento de bilhetes VIVA Viagem. E assegura que “estes 90% dos clientes não serão afetados pelas perturbações ao nível de fornecimento dos cartões”.
VEJA O VÍDEO DA SIC NOTÍCIAS
“A grande procura por parte dos estudantes, nesta altura do ano, explica o Metro, pela modalidade de passe urgente, gera um grande afluxo de pessoas aos postos de vendas e por muito que se reforcem os meios, as filas são difíceis de evitar”. No Metro, existem dois postos de venda exclusivos para passes urgentes nas estações do Marques de Pombal (linha azul) e Campo Grande (linha amarela e azul), estando a receber, dizem, o número máximo de pedidos urgentes que o sistema pode processar por dia. Neste mês de setembro os postos de vendas foram reforçados com mais funcionários – situação que se irá prolongar no mês de outubro.
Os pedidos de passes urgentes também poderão ser realizados nos pontos de vendas da Carris em Santo Amaro e Arco do Cego, bem como no posto de venda da Transtejo no Cais do Sodré.
Quanto às escadas rolantes avariadas, o Metropolitano de Lisboa refere que procura ir ao encontro das necessidades e conforto dos seus clientes, tendo dotado a sua rede de 100 elevadores e de 244 escadas mecânicas e tapetes rolantes e garante taxas de operacionalidade superiores a 95%. No caso dos elevadores a taxa é próxima de 99% (em 100 elevadores apenas 1 não está operacional).
O Metropolitano de Lisboa revela ainda que muitos dos modelos das escadas rolantes foram, entretanto, descontinuados, deixando de existir em stock os componentes necessários para reparações. Na medida em que têm de ser produzidos por encomenda nas fábricas das marcas de equipamentos da especialidade, tal gera “períodos de imobilização mais alargados do que o desejado por todos”.
Acrescenta que “alguns dos modelos de escadas rolantes foram entretanto descontinuados, deixando de existir componentes em stock. Neste âmbito, quando existe necessidade de substituição de alguns dos componentes, é necessário que sejam produzidos por encomenda nas fábricas das marcas de equipamentos da especialidade, gerando períodos de imobilização mais alargados do que o desejado por todos”.