Tem andado bastante de avião nos últimos meses? Tem sentido uma turbulência fora do normal? Habitue-se. Estudos recentes apontam para que a turbulência no espaço aéreo continue a aumentar. E a culpa é das alterações climáticas, claro está.
Há duas semanas, o voo 880 da United Airlines, que fazia a ligação entre Houston e Londres, com mais de 200 passageiros a bordo, teve que aterrar de emergência na Irlanda, depois de uma turbulência inesperada no ar ter provocado 16 feridos.
Nada inédito. Só nos Estados Unidos estima-se que mais de 50 pessoas sejam assistidas todos os anos por causa de ferimentos causados pela turbulência a bordo. E os custos são altos: 500 milhões de dólares por ano devido a perturbações provocadas pelos saltos dados pelos aviões.
Paul Williams, um investigador da Royal Society na Universidade de Reading, assumiu na semana passada que tem existido um “constante aumento de incidentes derivados da turbulência severa na última década. Ao nível global, ela provoca dezenas de mortes por ano em pequenos aviões particulares e centenas de feridos nos grandes aviões. E, como os níveis de dióxido de carbono na atmosfera continuam a subir, o mesmo acontecerá com o número destes incidentes”.
O investigador explica que num voo comercial normal, mudanças de temperatura provocam aumentos no dióxido de carbono e isso produz diferentes níveis de fluxo de ar. São esses fluxos instáveis que produzem a turbulência e não existem, dizem os investigadores, quaisquer pistas visuais que avisem o piloto do que vai acontecer. Quando o efeito é grave, o avião abana consideravelmente e os passageiros saltam dos lugares. Daí a importância de levar sempre o cinto apertado. Até porque todos os estudos conhecidos garantem que estes incidentes são cada vez mais frequentes.
Segundo o The Guardian, em 2006, a administração federal da aviação dos EUA indicou que o número de incidentes graves provocados pela turbulência mais do que duplicou entre 1982 e 2003.