Conheça o essencial do relatório da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência no guia que lhe preparámos sob a forma de P&R
Os alunos portugueses chumbaram menos o ano letivo passado?
Sim mas… Se compararmos as retenções do ano letivo de 2014/15 com as do anterior, é verdade que houve uma diminuição em todos os níveis do ensino básico e secundário. Contudo, como a retenção subira durante os anos em que Nuno Crato foi ministro da Educação (2011-15), os valores agora conhecidos ainda estão, na maior parte dos casos, acima dos mínimos atingidos durante os governos socialistas de José Sócrates.
Ainda chumbam crianças no primeiro ciclo?
Sim, e bastantes. Sobretudo no 2º ano de escolaridade, altura em que as crianças têm 8 anos. Neste nível de ensino, a diferença entre os matriculados e os que transitaram de ano (ou seja, os que ficaram retidos) foi de 10.025 alunos: cerca de um aluno em cada 10 passam logo pela experiência de chumbar. Este é um valor muito superior ao verificado em 2010/11, quando apenas 1 em cada 16 alunos ficavam retidos.
Aos alunos retidos no 2º ano de escolaridade há que juntar cerca de 6800 que ficaram retidos noutros níveis deste ciclo de estudos.
E no segundo ciclo?
Em cada um dos dois níveis deste ciclo ficam retidos cerca de 10 mil alunos, cerca de um em cada 11 matriculados. Os 5º e 6º anos foram também aqueles em que a retenção mais cresceu durante os anos de Nuno Crato, tendo duplicado: de 7%, em 2010/11, para 15%, em 2012/13.
Embora o conselho Nacional de Educação, num estudo publicado o ano passado, tenha desvalorizado o impacto dos exames nacionais nestes resultados, a verdade é que muitos especialistas e professores imputavam às provas realizadas no 6º ano o aumento dos chumbos. Mas a verdade é que a quebra do número de chumbos no ano letivo passado face ao anterior ocorreu ainda com a existência de provas finais. “O que há de muito significativo nestes resultados é que eles foram alcançados numa altura de aumento da exigência do ensino, com avaliação no final de cada ciclo, eom a divulgação de muitos resultados para que as escolas pudessem atuar a tempo e horas”, afirmou Nuno Crato, num depoimento prestado ao diário Público.
A nova equipa do Ministério da Educação aboliu, no final do ano passado, os exames no 6º ano.
Qual é a situação no terceiro ciclo?
O pior ano em termos de retenção é o 7º – quando chumbam um em cada sete alunos – e o melhor o 9º ano, altura em que os alunos têm de realizar um exame. Alguns especialistas consideram que a retenção elevada no primeiro ano deste ciclo de ensino se deve ao facto de as escolas aplicarem critérios mais exigentes aos alunos, para evitarem muitos chumbos no 9º ano e, assim, degradarem a sua situação nos rankings nacionais.
E no secundário?
A taxa de retenção nos cursos gerais do ensino secundário ficou-se pelos 18%, o melhor valor de sempre. Este é um indicador que vinha a registar descidas lentas mais sustentadas há mais de uma década.
Quem chumba mais, os rapazes ou as raparigas?
Desde o primeiro ciclo, as taxas de retenção são superiores para os rapazes. E a diferença em relação às raparigas vai aumentando à medida que se progride nos níveis de ensino: o gap entre alunos do sexo masculino e feminino atinge o máximo no ensino secundário.