Para os pais, o selo Disney é visto como uma garantia de qualidade. Filmes que ensinam o bem, que o trabalho e a coragem compensam, humor e boa disposição para toda a família. Mas a série ‘Princesas Disney’ é apenas aparentemente inofensiva, concluiu a investigadora americana, da Brigham Young University, Sarah Coyne, especialista em assuntos da família.
“Penso que os pais avaliam a cultura ‘Princesa Disney’ como segura. Mas devem considerar o impacto a longo prazo da cultura das princesas”, diz a investigadora num comunicado publicado na página da universidade.
O estudo em questão foi publicado na revista Child Development, com o título sugestivo: “Bonita como uma princesa”. Quase duzentas crianças, até aos cinco anos, foram avaliadas, nomeadamente na sua relação com o universo ‘Princesas Disney’ (se viam ou não os filmes, se brincavam com as princesas e durante quanto tempo). Os pais e os educadores de infância também foram chamados. E a relação é óbvia: quanto mais tempo de contacto, maior os problemas de auto-estima e os estereótipos de género, nas raparigas.
“Sabemos que as raaprigas que aderem fortemente aos estereótipos de género femininos sentem que não conseguem fazer certas coisas,” defende Sarah Coyne. “Não são tão confiantes de que possam ser boas em matemática ou ciência. Não gostam de se sujar e por isso é menos provável que estejam dispostas a experimentar novas coisas.”
Ter como heroína uma mulher muito magra, de medidas perfeitas e cabelo sempre arranjado acaba por custar caro na auto-estima das meninas, que querem ser assim quando forem grandes.
Nos rapazes, o efeito acaba por ser benéfico já quem vem compensar o estereótipo do hiper-masculinizado super-herói.
Mesmo assim, Sarah Coyne não recomenda que se faça greve aos filmes da Disney. Antes que estes sejam um pretexto para os pais e educadores discutirem estas questões com as crianças, como a própria fez com a filha, a propósito do filme Mérida. “Só tenho pena que tenham transformado uma heroína corajosa, rebelde e destemida numa princesa imaculada, sem arco nem flecha”, denuncia.