Médicos e especialistas afirmam que a situação está fora de controlo. Com a importação de tradições dos países do norte e um marketing agressivo, os jovens, em Portugal, deixaram o consumo habitual das bebidas fermentadas (vinho ou cerveja) e voltaram-se para as destiladas (vodka ou gin), com mais alto teor alcoólico. A lógica deixou de ser beber para ficar desinibido e alegre, mas sim beber até cair.
Aos médicos aparecem-lhe agora jovens alcoólicos muito novos, adolescentes, quase crianças com consumos excessivos. Portugal está, segundo a OMS, entre os 10 países onde mais se bebe, e das drogas psico-ativas, o álcool é a mais acessível, democrática e tolerada socialmente. Isto apesar de se saber que a bebida em excesso causa danos graves, em termos neurológicos, no cérebro dos adolescentes, ainda a formar-se, muito plástico e vulnerável à adição (são quatro vezes mais propensos a tornarem-se dependentes). Também se sabe que o alcóol consumido em níveis tóxicos está relacionado com a violência doméstica, acidentes rodoviários, atropelamentos, sexo desprotegido e suicídios e existe uma alta taxa de associação a doenças cardio-vasculares e a 30% dos cancros.
Mesmo conciente de tudo isto, a sociedade tolera, aceita e até “glamouriza”. Se nos maços de tabaco existem alertas e irão aparecer imagens chocantes, nunca algo de semelhante se legislou em relação às bebidas, apesar de supostamente não poderem ser vendidas a menores nem a alguém em visível estado de embriaguez.
Conduzir para a morte
No próximo E Se Fosse Consigo?, um jovem, visivelmente embriagado, prepara-se para entrar no carro e conduzir. O estado impróprio dele e da namorada é evidente. Os protagonistas são atores mas a cena acontece na realidade. Será que alguém vai impedi-los de entrar no carro? Este é o ponto de partida do programa sobre o consumo de álcool dos jovens. Segunda-feira, às 20h50, num simultâneo SIC/SICNotícias