A comunidade médica espanhola acredita que, embora seja ainda uma “prática residual”, o sexo químico (conhecido por chemsex em Inglaterra) já chegou ao país e alerta para os riscos deste fenómeno que tem provocado várias mortes em Inglaterra nos últimos anos.
A combinação de drogas que permitem manter a atividade sexual por longos períodos altera a frequência cardíaca e em Londres há instituições de saúde a reportar mais de 100 casos clínicos por mês, escreve esta segunda-feira o El Pais. Em Espanha, segundo afirma ao mesmo diário o médico de família Fernando Caudevilla, “não é um problema de saúde pública, mas existe uma minoria com um consumo problemático”.
O risco de contrair infeções sexualmente transmissíveis é outra fonte de perigo desta prática, pois “está associada ao não uso do preservativo”, alerta ainda o diretor do Centro de Estudos Epidemiológicos do VIH/SIDA da Catalunha, Jordi Casabona.
Um dos autores de uma investigação realizada em Inglaterra, Adam Bourne, sugere que a aplicação Grindr, destinada a gays e bissexuais e disponível para download nos telemóveis também em Portugal, está a facilitar a ocorrência destas “orgias químicas”. Esta rede social criada em 2009 caracteriza-se por disponibilizar a localização dos utilizadores, sendo que basta uma palavra-chave escrita no perfil – como chemsex, por exemplo – para os identificar como interessados em participar.
Em 2014, ano em que morreram 44 pessoas no Reino Unido por consumo de drogas associadas ao sexo químico, a agência europeia de monitorização do fenómeno da droga referia no seu relatório anual que este tipo de encontros sexuais predominava “em subgrupos de homens que têm relações sexuais com outros homens”, sobretudo nas “grandes cidades”, e alertava para a necessidade de encarar a situação como “uma prioridade de saúde pública”.