
Os cientistas australianos estão com as mãos na cabeça. E neste momento só esperam que a temperatura da água, mais alta do que deveria para a época do ano, em consequência do fenómeno El Niño, arrefeça. É que está a ocorrer um branqueamento da Grande Barreira, Património da Humanidade desde 1981, e metade das suas quatrocentas espécies de corais estão em risco de vida. “Na parte mais setentrional é como se dez ciclones a tivessem atingido de uma vez”, assegura Terry Hugges, diretor do Centro de Estudos da Barreira de Coral, que já a sobrevoou para registar os danos.
O branqueamento de que se fala é um processo que acontece sempre que a água do mar aquece. Com mais uns graus, os corais são obrigados a destaparem-se, soltando as pequenas algas que normalmente os cobrem. Só que sem elas, perdem o oxigénio e a proteção, calcificam e perdem a cor. Até certo ponto, este processo é reversível, mas apenas se a água do mar arrefecer. E isso não parece que vá acontecer, já que o fenómenoestá relacionado com o aquecimento global. E já há um ano que a Unesco esteve para inserir a Grande Barreira na lista de lugares Património da Humanidade ameaçados e os ecologistas continuam a discordar da postura ambiental da Austrália – um dos principais emissores de carbono per capita.