Trastevere. É esta a primeira palavra italiana que os 12 refugiados sírios que o Papa Francisco levou para o Vaticano vão aprender. Trastevere é o nome da zona de Roma, a sul do Vaticano, onde estão temporariamente instalados enquanto aguardam alojamento definitivo.
As três famílias – seis adultos e seis crianças – já puderam desfrutar de uma noite de sono tranquila, água quente para tomarem banho ou uma refeição que incluiu lasanha na Casa Refúgio do Convento de Santo Egídio. Para trás ficou a ilha de Lesbos, na Grécia, onde estavam num campo de refugiados.
Hasan, 31 anos, contou aos jornalistas que fugiu de Dasmasco, capital da Síria, com a mulher, Nour, e o filho de dois anos quando foi chamado para integrar o serviço militar. “Eu não quero matar ninguém. Sou um engenheiro, não um soldado. Estou interessado em continuar o meu trabalho, por isso tive de fugir da Síria”, disse.
A viagem até à Grécia não foi fácil. Hasan foi preso pelo auto-proclamado Estado Islâmico durante sete dias até conseguir convencer um traficante a levá-lo para a Turquia. Depois, ainda teve de pagar a outro traficante para que levasse a família até Lesbos.
Agora, Hasan e a mulher, uma física nuclear, assim como as restantes famílias vão começar a ter aulas de italiano – o primeiro passo para se integrarem.
Estas famílias enfrentavam a deportação para a Turquia, já que chegaram à Grécia depois do acordo firmado na União Europeia para ajudar monetariamente o governo de Ancara a cuidar dos refugiados. Só em 2015, mais de 850 mil refugiados chegaram à Grécia através da Turquia.
O Papa Francisco esteve, no sábado, sete horas na ilha de Lesbos. Uma viagem planeada há alguns meses e que tinha já como objetivo dar asilo a famílias sírias.
As três famílias são todas muçulmanas. Hasan, Nour e o filho; Ramy, o Suhila e os três filhos; Osama, a mulher Wafa e os dois filhos. Segundo o Vaticano, as casas destas famílias foram destruídas em bombardeamentos.
Cerca de quatro mil migrantes permanecem no campo de Lesbos por onde, só este ano, já passaram 89 mil refugiados.