Os homens estão todos de fato azul escuro e bem calçados. Só há uma gravata, sóbria, mas veem-se dois lencinhos a sair do bolso dos blazers. A única mulher veste-se de preto, com uns sapatos de salto pontiagudo que sobressaem nos seus pés. É a menos efusiva dos tubarões. Dos cinco, três já sabem a missa de cor. O quarto entrou de novo, mas nem por isso se deixou ficar à parte. Aliás, é ele que simula, divertido, uma fotografia aos jornalistas, mal rompemos na porta por onde normalmente entram os concorrentes.
Mas, como seria de esperar, é Mário Ferreira, da Douro Azul (entre muitas outras coisas), que toma o pulso à conversa, anunciando que a segunda série deste programa que estimula o empreendedorismo nacional está ainda melhor do que a primeira. “Estão a aparecer mais ideias tecnológicas e gente mais jovem, melhor preparada.”
Há que lembrar que, com o dinheiro investido na outra edição (perto de três milhões de euros em 40 negócios), se criaram 44 postos de trabalho. “Nenhuma negócio ou ideia irá embora daqui por falta de dinheiro”, assegura o empresário nortenho. Mas também avisa que este programa não se faz com mecenas – eles estão naquelas cadeiras para ganharem dinheiro. Quanto aos concorrentes, no mínimo, saem do Shark Tank com uma lição de vida.
Nesta próxima edição, ainda sem data marcada (segundo apurou a VISÃO só se estreará em setembro), há duas caras desconhecidas do grande público, mas bem cotadas no mundo empresarial, que se juntam aos tubarões veteranos (Mário Ferreira, Miguel Ribeiro Ferreira e João Koehler). Elas vêm substituir o mítico Tim Vieira – sul africano, descendente de portugueses, que desta vez não conseguiu coordenar a sua pesada agenda profissional (foi quem mais investiu na outra edição) com as gravações do programa – e Susana Sequeira que só aceitou estar na primeira série, com a condição de não fazer o take II.
Isabel Neves veio substituí-la na mínima quota feminina. É advogada de formação e senior partner da Isabel Neves & Associados. Há 25 anos que apoia jovens mulheres quando estão a dar os primeiros passos nas suas empresas. Preside ao Lisbon Business Angels Club, mas nunca teve exposição mediática. “É na tentativa e erro que se cresce. Os inputs que damos aqui fazem com que os concorrentes repensem o seu negócio.”
Marco Galinha, mais à vontade à frente das câmaras, tem 38 anos, o curso de engenharia informática, complementado por uma formação em gestão empresarial e marketing na Harvard Business School. Hoje, o volume de negócio das empresas em que participa, na área do tabaco, ronda os 200 milhões de euros. É presidente do conselho de administração da Leirivending, em Leiria, onde vive. “O que conta não são as vezes que caímos, mas quantas nos levantamos.”
Os cinco tubarões, os novos e os antigos, já esperam que a história se repita: Depois de, no ano passado, terem aparecido na SIC a dar dinheiro a boas ideias, passaram a ser abordados frequentemente na rua, por email ou sms, por quem pensou num negócio, mas não conseguiu ou não teve coragem de ir ao programa. Mas isso não é um problema – Mário Ferreira, por exemplo, assumiu que esses foram os melhores investimentos que fez na sequência do Shark Tank, tendo chegado aos três milhões de euros.
As gravações estarão a decorrer até à próxima semana, nos estúdios da Valentim de Carvalho, em Paço d’Arcos, sob a batuta da produtora Blue Pipeline.