Bárbara e Rita não são fundamentalistas. Apreciam o que a Internet lhes dá e estão online sempre que é preciso. Mas não gostam da forma como os smartphones e as suas aplicações estão sempre a interferir nos relacionamentos, em qualquer parte do mundo.
A arquiteta e a psicóloga estavam desejosas de recuperar o contacto olhos nos olhos. E começaram a pensar numa alternativa a isto em que as relações humanas se tornaram, ainda em Londres, onde viveram e onde se conheceram há seis anos. Nasceu assim o Offline Portugal, um projeto que as trouxe de volta ao país onde nasceram.
No fim de semana prolongado da Páscoa, que está já aí, será o grande teste de abertura ao público da primeira guest house onde a tecnologia não entra, para um break realmente offline – aquilo a que se chama, desde 2011 nos EUA, um digital detox. “Trata-se apenas de um alerta e de oferecer uma pausa”, explica Bárbara Miranda, uma das mentoras que, por convicção, tenta desligar-se uma vez por semana.
O lema da casa é “disconnect to reconnect” (desconectar-se para voltar a conectar-se, com outras coisas, acrescentamos nós, porque o português precisa sempre de mais palavras) e por isso haverá muitas atividades para que a ressaca do smartphone – que ficará abrigado num cacifo com cadeado – não bata tão forte. O alívio dos sintomas pode ser encontrado numa aula de surf (€35 por uma hora e meia) nas praias das redondezas, numa sessão de ioga (€10), numa jam session ao serão (a equipa tem toda formação musical e sabe tocar vários instrumentos) ou num jogo de tabuleiro. Há quanto tempo não compra um hotel no Monopólio?
Nesta Offline House sem internet (mas com página na internet), perto da Arrifana, Aljezur, há lugar para 15 pessoas, entre quartos duplos (de €45 a €80) e dormitórios com beliches (de €15 a €20). E a ideia é organizarem-se também mini sunset parties ou churrascos à volta da piscina.
Além destas guest house, Bárbara e Rita querem levar o conceito do Offline Portugal para outras latitudes, como jantares em que em vez de se estar a fotografar o prato para o Instagram se está numa mesa corrida com pessoas que não se conhecem. Ou festas em que não é preciso fazer check-in no Whastapp. E até reuniões em que as pessoas simplesmente interagem umas com as outras, em presença. Ainda se lembra como se faz?